Epílogo

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Eu gostaria de poder dizer que os seis anos da minha vida que se seguiram desde o Dia de Ação de Graças foram fáceis, mas sabemos bem que a vida adulta é igual homem machista: A tendência é só piorar. Depois de ser deserdada pela minha família por ter feito aquele discurso, que foi parar em todas as capas de jornais e revistas do país e fez meus pais perderem vários "aliados", tive trabalhar em dois empregos para pagar os estudos e manter uma vida razoável. Durante o dia, eu fazia o estágio que o professor Alderson me ofereceu — e apesar de ser incrível e me ensinar muitas coisas, não dava pra bancar tudo — e à noite eu trabalhava como bartender no FREEDOM.  

Foi uma boa experiência trabalhar em um bar, apesar de já ser desconstruída na época, eu nunca havia realmente saído da bolha de menina rica privilegiada que tem tudo que quer, no entanto, não foi difícil me acostumar com a nova vida. Não vou mentir e dizer que não ouvi bastantes comentários desnecessários, mesmo trabalhando em um bar gay, porque, pasmem, homens gays continuam sendo homens e isso não os isentam de machismo, porém também conheci várias histórias incríveis e inspiradoras, então para mim isso vale mais a pena do que as caras que eu quis socar.  

Finn e os Fosters se ofereceram para me ajudar, todavia, recusei. Não por orgulho ou algo do tipo, e sim porque eu realmente não achava necessário, mas era óbvio que eles não desistiram tão facilmente, então concordei que pelo menos o aluguel do nosso novo apartamento ficaria por conta deles, já que o antigo era custeado pela minha "família".  

Os fins de semana reservei para ir ao orfanato e Finn sempre ia comigo quando podia, as crianças sempre pulavam de alegria quando nos viam. Foi engraçado quando voltamos lá pela primeira desde que começamos a namorar de verdade, Debby, uma menina de seis anos, começou a chorar quando viu o ruivo e se recusou a falar com ele, pois segundo ela ele tinha prometido ser seu namorado e a havia traído comigo. Eu obviamente não perdi a oportunidade de zoá-lo por meses. 

A minha relação com Finn continuou praticamente a mesma, só deixamos um pouco mais apimentada. As provocações continuaram, as pequenas brigas — que geralmente terminavam em um bom sexo de reconciliação — continuaram, os beijos depois dos palavrões, que agora valia para ambos os lados, também continuaram. Nós basicamente passamos de colegas-de-quarto-não-tão-íntimos-assim para colegas-de-quarto-que-transam-em-qualquer-lugar-da-casa — e quando digo qualquer um é qualquer um mesmo, acho que não tinha um canto daquele apartamento que não foi batizado.  

Claro que nem tudo giravam e torno de sexo, a gente fodia violento, mas também dormia fofinho. Tive alguns momentos românticos, inclusive uma vez tentei cozinhar o jantar, mas quase coloquei fogo na cozinha e acabamos pedindo uma pizza.

Todavia, infelizmente, nem tudo são flores. Durante a minha Pós-Graduação, recebi uma proposta irrecusável para fazer trabalho voluntário na Tailândia e Finn também precisava fazer algumas audições em Los Angeles, então conversamos e como dois adultos decidimos que o melhor era darmos um tempo para que cada um pudesse resolver seus interesses.  

Quando retornei, seis meses depois, Finn estava lá — com o cabelo um pouco maior e a barba por fazer, devido ao novo personagem que estava interpretando —, sorrindo como sempre e pronto para me acolher em seus braços. Não preciso entrar em detalhes, mas podemos dizer tiramos todo o atraso e matamos qualquer resquício de saudade aquela noite. 

Aos vinte e quatro anos consegui finalmente montar meu estúdio e começar a lecionar, como já tinha uma vida estabilizada, decidi dar o pontapé inicial e por em prática o meu maior sonho desde os dezesseis anos: A adoção.  

Não era segredo para ninguém que minha primeira opção seria adotar Faizah e Falala, elas eram o bem mais precioso que eu tinha na minha vida, mas era claro que não seria um processo fácil. Primeiro me disseram que eu não tinha renda o suficiente para sustentar duas crianças sozinha, o que logo me fez entrar em desespero, então Finn decidiu entrar nessa comigo. Infelizmente — ou felizmente — ele tinha um salário, literalmente, milhões de vezes maior do que o meu, a nova série de TV da qual ele fazia parte do elenco principal estava fazendo sucesso por todo o mundo, inclusive ele concorrerá ao Emmy esse ano. 

The F Word (Concluída)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora