Versos & Inversos

Le dilemme de l'âme

Numa noite fria
Corpos quentes e despidos repousam em um leito
Entre suspiros e gemidos
Abraçam-se
Entre beijos e afagos
Entrelaçam-se
Entre o querer e o prazer
Entregam-se
Rostos quentes
Respirações esbaforidas
Mãos ensandecidas
Pernas intrincadas
Corpos extasiados
Palavras ácidas, picantes, agridoces
Para todos os gostos e paladares
A noite dá lugar ao dia
Frio, nublado,
As almas quentes da noite fria trocam olhares
No dia frio, elas não podem aquecer-se
Suas palavras, são secas, opacas, ruidosas, e acima de tudo, frias!
Despedem-se
Azedume!
O caminho é ladrilhado de culpa, vazio e frustração
Expõe para fora inverdades de uma noite fria
Porém, não admite que, depois do prazer as almas sempre choram
Nova noite ergue-se
O frio já vem
A solidão é acompanhante
Em cada cômodo do ambiente ela grita, baila e vibra
Outra vez só
Na cama de tantas companhias que o faziam bué solitário, vazio e incompleto
Perguntasse onde está o verdadeiro calor para o frio que o assola, frio atemporal e que transcende o meteorológico
O frio que o castiga é interpessoal e intrapessoal
Vai além do carnal, é sentimental  Uma vez mais intoxicasse com nova companhia, que lhe exaure
Depois do ardor da luxúria
Vem o carecer de ternura
O tal calor sentimental para sua alma nevada
Não há retorno
Lenha não em si não é fogo, apenas combustível, precisa da faísca que o consuma
Raiou o dia
Desta vez quente, abafado
Porém, o frio interno mantinha-se irredutível
Até encontrar aqueles flamejantes olhos castanhos claros, aquele sorriso ensolarado, aquela alma fervilhante!
Derreteu todo o gelo do seu espectro romântico, despertou primavera ardente em seu íntimo
Estações passaram-se, e com elas o tempo
E em dado momento de uma dada noite fria, deu-se o acontecimento de dois corpos frios aquecerem-se, com afeto, risos, carícias, olhares e palavras
Enfim fechou os olhos
Do frio de outrora, vieram memórias
Passado!
Agora, sua alma repousa aconchegada, acompanhada, quente e amada