Échoue

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Era noite, de densas nuvens escuras
O negrume abissal do firmamento exigia das estrelas mais luminescência do que o costumeiro
A noite era tão noite, densas trevas, como nunca dantes vistas, as estrelas, como que lutavam, para que pela noite, não fossem tragadas

Tu me olhaste nos olhos, os lábios vermelhos sobrepunham a tua habitual palidez
O silêncio de teus lábios contrastava com o grito violento e ensurdecedor dos teus olhos, e o esfregar de tuas mãos, açoites em minh'alma

Teu semblante era soturno
Mesmo que trajando tua antiga companheira, tua carapaça emocional, desta vez, transpareceu a tua fragilidade
Desmoronamento...Destroços!
O que restou de uma colunata firme.

A nebulosidade dos teus olhos deram lugar a um temporal de lágrimas
A voz embargada veio a ser pranto e soluços
Dama derretida
O coração gelado encontrou o calor de uma paixão ardente
Entregou-se sem medidas
Êxtase, loucura, devaneio, como outrora nunca havia vivenciado
Voou perto de mais
As chamas a consumiram, o gelo derreteu, e a alma lhe foi queimada

Atônito observador mantinha-se atento
Cada detalhe não lhe passava despercebido
Ouvia atento, olhava fixo
Respirava lento, chorava contrito
Seu corpo inexpressivo, ocultava um espírito em agonia e tortura, ante o fim de mais um de seus romances falhos
Que a princípio lhe parecem infinitos, mas que dentro e pouco, fenecem.

O diálogo tem início e fim, as armaduras despedaçam-se nessa peleja emocional
Desferidas as flechas, balas e estocadas, apresentadas as versões de ambos, o veredicto final;
Término.
Finda-se o que se esperava ser infindável

E num aperto de mãos sela-se o trato
E num doloroso adeus, enterra-se o cadáver de um romance, que irremediável fim encontrou, tornar-se-á fantasma, assombrar suas lembranças será seu fado.

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