Chapter 16 Intrigas e inquéritos na Corte Celestial

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Introdução (Um amanhecer repleto de reflexões e equívocos)

Era um daqueles sonhos que fugiam do consciente assim que se abria os olhos.

Sabia que Feng Xin estava nele, mas assim que despertou vagamente e levemente mal humorado, não conseguiu lembrar mais como era o sonho.

Moveu-se algo entorpecido em seu estado de sonolência, percebendo que estava sozinho, uma colcha de seda cobria seu corpo envolto em roupas tortas e seu cabelo solto cobria parcialmente seu rosto enquanto tentava organizar os pensamentos.

A primeira coisa que se perguntou... Onde estava Feng Xin?

Tinha também sonhado que dormiram juntos? Não era possível.

Mu Qing sentou-se na cama, tirando o cabelo do rosto e quando olhou para o lado havia um papel de arroz dobrado sobre o travesseiro... Como um daqueles que tinha usado para escrever sua nova senha de matriz.

Sua primeira reação foi segurar aquele papel e desdobrar, fazendo uma careta assim que encarou aquela caligrafia sem salvação.

Aliás, aquele garrancho era no mínimo uma afronta, soube no mesmo instante que havia sido escrito por Feng Xin.

Antes de tentar decifrar o que estava escrito, Mu Qing abriu um meio sorriso.

Primeiro porque sabia que quem tinha coberto seu corpo com a colcha de seda havia sido Feng Xin e se ele tinha deixado um bilhete... Então, não tinha sonhado que ele havia dormido ao seu lado.

Tentou olhar o bilhete de vários ângulos a franzir o cenho, até que depois de algumas tentativas interpretativas, entendeu o seguinte:

"Tive que sair para resolver um assunto

Queria ter acordado junto com você

Em outra noite, pode ser na minha cama

Se quiser."

"Parabéns, Feng Xin..." — Mu Qing ironizou em pensamento. — "Perdi metade da manhã apenas tentando decifrar esses rabiscos."

E chegou mesmo a fazer menção de amassar o papel, no entanto, quando o papel começou a se enrugar num som ressequido, Mu Qing se deteve. Subitamente, pareceu tão errado descartar aquelas palavras mal escritas, mas tão sinceras... Que sentindo-se tolo, apoiou o papel na perna e tornou a alisa-lo sem conseguir desfazer de todo as marcas de seu descaso inicial.

Decidiu tornar a dobra-lo em dois e guarda-lo na gaveta onde deixava o bálsamo.

Ah, o bálsamo... O que lhe causou a lembrança de Feng Xin tratando das feridas em seus pés.

Seus pés que já não doíam, que estavam praticamente curados. Seus dedos tocaram num gesto meditativo o peito de seu próprio pé e pensou em como era diferente curar sozinho as próprias feridas... Em comparação a ter uma mão amiga preocupada em diminuir sua dor.

Mu Qing já tinha sido a mão preocupada em diminuir a dor quando tivera que cuidar de sua própria mãe há muito tempo atrás, mas ele não se lembrava em ter experimentado o outro lado nessa situação.

Em todo caso, assim que deixou a cama, fechando o hanfu aberto em peito, disse firme a si mesmo que era hora de retornar a realidade.

Era melhor não ter outra noite como essa.

Ainda que soubesse que seria impossível os dois se olharem como os rivais de outrora, Mu Qing deixou o quarto pensando se não poderiam manter uma distância respeitável, sendo... Quem sabe, bons amigos.

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Mu Qing e  Feng Xin (Um amor renegado 800 vezes)Where stories live. Discover now