Sonhos

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Você foi desperta por uma sensação ruim através da 'ligação'.

Isso ainda era muito confuso para vocês, mas sentir o medo ou agonia de outra pessoa era algo que não sabia como lidar ainda.

E era exatamente isso que sentia no momento.

Sua mão foi contra o peito, sobre o tecido fino do pijama quando sentiu de novo.

Logo você se levantava e abria a porta, procurando a origem daquela turbulência.

Os corredores da torre da Liga, na ala dos dormitórios estavam com uma luz baixa, apenas para que fosse possível ver o caminho a percorrer pela madrugada.

De novo, houve o puxão emocional.

E A/N engoliu em seco, quando sua mão encostou contra a marçaneta do quarto do Kryptoniano.

A ligação entre vocês dois era algo de pura justificativa "genética". Embora você tenha visto uma série de orientações arquivadas da História de Krypton, você não conseguia exatamente aceitar que era a "parceira" ideal, para alguém que mal conhecera de verdade.

E que já tinha alguém no coração dele.

Não tem posse do próprio "destino" te deixava sufocada, por mera "suposição" de dados do seu povo.

E ainda, ver Kal, correndo atrás da humana jornalista para dizer que as coisas não eram o que transpareciam ser, te fez saber que ele nunca esteve tão certo.

Mas era uma missão.

Não se aliar a Kal-El, ser sua companheira, como o livro da Oráculo, ditava.

Mas ter o mesmo como um soldado para Guerra entre mundos que se aproximavam.

A questão do laço era um mero detalhe e considerando que a vida do povo refugiado de Krypton (sim, houve alguns) tinha mais importância.

Aquilo não deveria ser nada.

Mas por que os dois pareciam ter um tipo de laço, que fazia um ao outro se conectarem apenas um olhar.

Kal-El já tinha se flagrado deslizando para seus pensamentos, sem querer, quando tinha visto você retornar de uma das missões que Bruce, lhe passara.

Sobre o que foi preciso reviver para se fazer cumprir com sua obrigação.

Fora outros momentos.

Não era uma questão de invadir. Mas as vezes a preocupação tornava aquele badalar ainda mais forte.

E era o que acontecia agora, quando ela abriu a porta do quarto de Kal, e o viu sobre a cama, aflito.

Ele dormia.

E agarrava o colchão com uma das mãos, como se tentasse não soltar o que segurasse.

Entre seus dedos, o material já se desfazia, enquanto emanava uma onda de calor contra o peito desnudo.

Ele sonhava.

Ou quer que fosse ali, estava lhe tirando o juízo.

- Clark... - a menção ao nome mudando, como ele gostava de ser chamado foi baixa, quase com cautela e carinho. Alguns passos a frente, S/N tocava o braço do herói, tentando-o fazer despertar aos poucos.

- Kent, me escuta...

Ele virou o rosto, ainda incomodado, com aquela linha de terror na testa, ainda dormindo.

- Clark, acorda! - o chamado veio mais forte, tentando o fazer segurar um dos braços quando ele parecia um passo de destruir a cama baixo de si, e começava a si debater.

- Kal, desperte! - veio com mais força, forçando um dos membros abaixo.

Linha tinha a linha do maxilar forte, forçando o rosto sério, em meio ao suor.

O tapa veio contra a face do mesmo, tentando faze-lo despertar ao estar de joelhos ao seu lado da cama, sob o colchão.

Antes que a mão tocasse a pele, um dos seus pulsos foi agarrado, a medida que o outro agarrara seu pescoço, fazendo ele virar sobre você, contra a cama.

Ah, se você não fosse do mesmo biotipo dele, definitivamente teria quebrado entre os dedos, com o emprego da força que utilizou sem saber.

Mas o sol o tinha deixado forte, por muito tempo.

Ao menos a vermelhidão, estaria ali lá manhã.

Uma das mãos seguradas contra o colchão, a outra foi contra a que lhe segurava contra o pescoço.

- Kal... - pediu lhe falhando a voz.

- Kal... Solt...

Tentou novamente, o aperto afrouxou-se quando ele pareceu despertar e sair de cima de você.

Com a respiração desregulada. Um vai e vem no peito dele ia de forma apressada, entre o suor.

Aí ele enxergava e notava o que acontecia pela primeira vez.

Ele revivia a hora que tinha tirado o último sopro de vida de Zod. E embora ele nunca mais tenha feito mais isso, ele não conseguia esquecer.

Mesmo sabendo que aquilo havia sido preciso.

No entanto, nunca saberia se tinha sido realmente necessário.

- S/N... - disse entre as pausas de ar. Qualquer um que entrasse ficaria surpreso de ver o Superman ofegante e cansado em sua frente.

- Eu... Meu Deus - Clark tinha o olhar perdido para ela sobre sua cama e para suas mãos - Eu não... Meu Deus. - o ar não parecia vim com força suficiente. - S/N... Me desculpa, eu não...

- Kal, você estava sonhando - tentou dizer, podendo se sentar. Ele levava a mãos contra a boca como se tivesse incomodado ao extremo.

- Como você... - ele parou a pergunta quando soube do que se tratava - Vou dar um jeito nisso, eu vou cortar isso - comentou para o que seria que 'interligasse' os dois. - Eu...

- Foi sobre Zod???

Ele parou com uma das mãos contra o quadril, a velocidade do peito vim mais devagar dessa vez, como se regulasse.

- Você salvou a Terra, Kal, não deve sentir culpa, você não...

- Não devo nada a eles - riu sem graça - Minha mãe sempre diz isso. Eu só... Nunca...

- A guerra exige mais do que estamos preparados. - disse se aproximando do mesmo - Mas você em algum momento tem que aprender lidar com as consequências, para poder conseguir dormir a noite.

- Eu não quero matar.

- E não deve querer. Mas aconteceu, Kal. E não é porque sou sobrinha de Zod, que não vou dizer que ele não merecia. Foi preciso, ou sua mãe ou a... Lois, o mundo estaria em perigo. Ele errou com o código, não você.

A mão estava sobre o peito dele, quando ele a pegou massageando levemente.

- Acredito que não queira conversar - disse recolhendo a mão - Mas sabe onde me encontrar, se precisar desabafar.

- Você viveu guerras e dilemas muitos maiores dos meus...

- E isso não diminui sua dor. - comentou com um sorriso fraco.

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Imagines - Clark KentWhere stories live. Discover now