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JASMINE FREIRE

Assim que recolhi mais uma flor, a pus na cesta pendurada em meu antebraço. Olhei ao redor, ficando encantada com a visão. O trigo dourado se espalhava por toda a extensão do campo, e ao meu redor. Esse simples elemento me deu mais uma afirmação que Deus, é perfeito até mesmo em sua criação.

Ao longe, com a ajuda da sombra de meu chapéu sobre meus olhos, observei minha casa — a qual já foi moradia para meus antepassados, antes de mim. Sua cor vermelha, e telhado branco, se destacavam por dar vida, e mostrar o quão cumprida era.

Eu ainda tinha pouco tempo em que comecei a habita-la, junto com meu irmão... Marina Fontenelle, foi quem realmente criou à mim, e à ele, até uma certa idade. Ela conseguiu ser pai e mãe, ao mesmo tempo para nós — tenho uma gratidão eterna por isso. Quando alcancei a maior idade, a mulher me revelou que meu pai havia passado a propriedade dos meus avós para o meu nome, e que quando eu tivesse com a "idade certa", assumiria meu lugar como dona. Benjamin, meu irmão, ainda era pequeno quando nossos pais decidiram entregá-lo à nós, para cuidarmos e o criarmos... — tinha apenas oito meses de vida, um bebê.

Os filhos de Marina, na época em que eu fui entregue para ela, Frederico e Margarida, tinham quase a mesma idade que a minha. Fred com seus oito, e sua irmã com seus cinco. Eles cresceram junto conosco, e nesse meio tempo, foi inevitável nossos laços não se interligarem e tornarmos mais íntimos, como irmãos de sangue. Margarida, com muito pouco tempo, tornou-se minha melhor amiga, e eu a dela. Seu irmão me ajudava e muito, a cuidar da fazenda e os animais. Desde o dia em que ele, sua mãe e sua irmã tinham ido para o exterior, tornou-se um pouco difícil, pois alguns animais meio que se apegaram a ele, mas, com a ajuda de Deus, eu estava conseguindo obter bons resultados.

Mas ainda estávamos desejosos que eles voltassem ainda naquele ano, do Brasil. Minha amiga Margarida, havia viajado para terminar seus estudos lá. — esse foi o motivo dos três irem juntos.

Mesmo sendo algo doloroso para mim, eu podia entender perfeitamente. 

A velha buzina do carro do Sr. Joan, um dos fazendeiros e meu amigo o qual colaborava para o crescimento do povoado próximo a minha casa, foi responsável para me puxar de volta a realidade. Dei-lhe um curto aceno, andando depressa. Não demorou muito, logo pude sentir às pequenas pedras por baixo da minha bota esverdeada, constatando que eu não estava mais no meio da imensidão dourada. 

— Bom dia, minha jovem! — cumprimentou-me o homem gentil, desligando seu automóvel. Os fios brancos de sua barba e cabelos estavam um pouco sujos — Como vai? 

— Olá Senhor Joan, vou muito bem! — respondi, pondo a cesta ao lado do meu braço. 

— Muito trabalho? 

— Sim... — suspirei — Mas vale apena — sorri alegre. 

— Isso é verdade. Enquanto Deus nos der força, teremos satisfação no trabalho — concordei com um aceno de cabeça. Conversamos mais um pouco, e assim ele partiu.

Fui pelos fundos de minha casa com o objetivo de entrar na moradia. Ali havia um enorme quintal coberto pelo gramado, flores, árvores e pequenos animais. Um pouco mais distante, o galinheiro, estábulo, chiqueiro e armazém estavam posicionados e alinhados perfeitamente. Mais ao fundo, estava o lago habitado pelos meus patos e cisnes, os mesmos eram dóceis e únicos! 

Apoiei uma de minhas mãos no banco de madeira para retirar minhas botas. Fui até a mangueira, e a ligando, suspendi a barra de meu vestido branco revestido por imagens de florzinhas roxas.

Estava tão focada em me limpar que nem notei quando meu irmão chegou correndo. Levantando meu chapéu, acabei não aguentando e ri, o pequeno corria do seu pato, Jake. 

A Verdadeira Felicidade | Livro IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora