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Edgar Vitello

Me levantei da cadeira com às papeladas ainda em mãos. Abri os classificadores, e pus às folhas dentro do mesmo. O dia foi bem tranquilo, não tive tanto trabalho — mas não quer dizer que foi fácil. Valentina foi bem valente e adiantou um bocado para mim. Acabei sendo barrado pela presença de Arianna assim que saí para fora do escritório. Ela era o tipo de cobra peçonhenta que laça a qualquer um que caía em suas palavras. Ainda bem que eu sabia como funcionava seu jogo e sei suas artimanhas.

— Boa noite, Edgar. Já está indo?

— Boa noite, sim. Você não?

— Também... Queria perguntar se irá jantar aqui na empresa, poderíamos comer algo juntos. Faz um certo tempo, não é? — rio internamente, nunca havíamos jantado...

— Gostei do seu convite, mas, terei que rejeitar hoje.

— Ah, mas por quê?

— Minha família me espera. Se me dá licença...

— Toda...

Segui para a saída o mais rápido que pude. Brinquei com a chave do escritório em minhas mãos ainda dentro do elevador. Já fora do prédio, pus minhas coisas no fundo do carro me sentando no banco do motorista. Ativei o GPs e logo comecei a me movimentar. Ri com as lembranças que tinha guardada em minha mente. Na maioria das vezes eu e Ângelo saíamos por essas horas da empresa. Ou era ele que levava o carro, ou era eu. Desde sempre teve uma alma doce e única. Isso estava em seu sangue... Às vezes eu desejava que meu filho tivesse algumas atitudes parecidas, mas, eu tinha que agradecer do mesmo jeito. Se não fosse aquele loiro para eu irritar, não teria com quem fazê-lo, com tanta liberdade...

Ainda fico intrigado pela forma que meu sobrinho pediu para que nós, que temos acesso a cadeira da empresa, puséssemos o nosso sobrenome, com o da empresa. Como estava solteiro eu aceitei tranquilamente, não mudaria muita coisa mesmo...

Pondo o carro na vaga, desci e caminhei em direção ao hospital, cabisbaixo para evitar olhar muitos para os que estavam ao meu redor, olhei por cima dos óculos para poder acabar não batendo contra alguém. Passei pela recepção e assim que entrei no elevador, recompus minha postura. Pus minhas mãos no bolso do paletó esperando ansiosamente para chegar no andar. Não perdi meu tempo e fui para o quarto em que minha sobrinha estava, torcendo que seu humor estivesse melhor.

Abrindo a porta e me deparei com ela sobre a cama, ainda próxima a irmã. Por suas expressões e corpo, estava bem melhor, havia ganhado até uma cor a mais nas bochechas.

— Olha quem chegou... — cantarolou, Valentina.

— Pouco me importo. — disse, revirando os olhos. Ela cruzou os braços e assim me aproximei.

— Também estava com saudades. — beijei o topo de sua cabeça. Conversamos um pouco e vi que ela estava bem mais agitada do que o normal. Devia ser a ansiedade, no dia seguinte já estaria em casa.

— Sério, eu não aguento mais ficar aqui — confessou.

— Mas é passageiro minha irmã, amanhã mesmo, se der tudo certo, você já estará em casa... — Valentina acariciou os cabelos negros da menina assim que terminou de falar.

— Você quer ir agora? — questionei.

— Ela vai.

— Isabella... — a repreendeu.

— Não é bom que fiquei muito aqui, o ambiente é bem hostil. Não quero que mais alguém tenha a mesma opinião.

— Tá... Eu vou... — se distanciou da garota — Se cuida, por favor — pediu.

A Verdadeira Felicidade | Livro IDonde viven las historias. Descúbrelo ahora