Sentenciada

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Só quem já se modificou pode mudar os outros.

Soren Kierkegaa

Chernobyl seria o paraíso para ela ao invés de aceitar fazer parte daquela loucura.. Era injusto ser obrigada a ficar com alguém que jamais amaria, além do mais, criminoso.As ameaças dele foram enfáticas e incisivas. Para atestar que não aceitaria um "não" decepou o antebraço de seu pai e alegou que faria cada um presenciar o sofrimento do outro até ele enjoar e depois matar todos de forma lenta.

A mente dela ficou enevoada, as perguntas sumiram. Os sentidos foram erradicados naquele instante, pois ela não acreditava no plano insano arquitetado por aquele homem.

— Não vou me casar com você. — Rebateu minutos depois. — Nem que eu ajude meu pai a pagar essa dívida mas eu não vou casar com você.

— Casar?! — A mãe dela que até esse ponto havia despertado, voltou a cair desacordada ao ouvir isso.

Valentina teve reação dessa vez e correu para segurá-la.

— Eu vou ajudar meu pai a devolver seu dinheiro. — Disse, misto enraivecida e temerosa, pois ele ainda empunhava o machado. — Nem que eu precise trabalhar dobrado, nós vamos devolver.

— Não. — Arqueou a sobrancelha. — Eu vou te sustentar, só "meu sogro" vai arcar com esse prejuízo.

— Ele precisa de um médico. — Objetou, trêmula, movendo os pés para amparar o homem morimbundo.

— Fique aí, po***! — Ordenou Theo, deslizando o objeto do ombro e descendo de uma vez na perna esquerda de Júlio.

O ato não partiu o membro dele, porém a dor alucinante o fez desmaiar. Valentina não gritou. 

Manteve as mãos estendidas no ar, pavor e incredulidade estampados no rosto.

— Seu pai — Disse ele, iniciando uma marcha lenta e ameaçadora até ela. — Não só me roubou como cavou a própria cova. Eu posso sim entregá-lo a polícia, mas eu não quero.

Valentina mantinha o olhar distante do carrasco. O campo de visão já embaçado por conta das lágrimas grossas anestesiou completamente seus sentidos.


— É divertido punir com as próprias mãos, não acha? — Murmurou, parando a poucos passos dela, encarando os lábios entreabertos e convidativos quase o fazendo entrar em estado de frenesi ali mesmo. — Existe algo além da sua beleza que...me deixa intrigado...

Valentina saiu do estado de inércia e saltou para trás, assustada. No entanto, ele envolveu-a pela cintura de forma possessiva e furiosa.

— Mesmo que você tente me denunciar ou algo do tipo, eu posso terminar o serviço que estava planejando.

— Não...existe...existe outra forma...tem que existir...

— Existir, existe. — Estalou a língua entre os dentes, semicerrando os olhos. — Considere-se a salvadora do seu velho...

Valentina franziu a testa, com o rosto parcialmente virado.

— Ou...se continuar negando, posso voltar ao plano A sem problema e claro, você vai ser a nova moradora desse casebre caindo aos pedaços.

Ela arregalou os olhos, horrorizada. A expressão de Theo denotava impaciência e aquele cheiro de sangue na roupa a incomodava.

— Mas...mas...

— Mas?

— Eu posso...

— Você pode "matar" seus pais e ser só mais uma garota desaparecida. — Rebateu, observando as emoções nebulosas no rosto da jovem. — Ou...você escolhe ser minha esposa...por dois anos!

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Where stories live. Discover now