Bônus Rafael

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**CAPÍTULO CONTÉM CONTEÚDO DE CRIMES SEXUAIS CONTRA CRIANÇAS. SE TIVER GATILHOS, NÃO LEIA A PARTE EM NEGRITO.

Ele tropeçou na poça de lama, enquanto corria pelo beco, segurando nas mãos das duas meninas igualmente assustadas. Constantemente, o menino olhava para trás, coferindo se ainda estavam na "cola" deles, enquanto o choro das meninas ecoavam por onde passavam.

— Vai ficar tudo bem — repetia, ofegante, sem soltar a mão das duas, visivelmente cansadas.

Suas pernas tremiam, os pulmões ardiam no peito conforme os batimentos cardíacos aceleravam. Podia sentir fisgadas latentes por todo o corpo exausto. Mas ele não podia parar. Ele não queria parar. Ao pensar nas pequenas, sua vontade de salvá-las o motivava a correr pelas ruas desconhecidas.

Em uma hora daquela, naturalmente não havia pessoas passando pelas ruas, ainda mais sob a fina garoa que caía.

— Fael...tô cansada. — uma das gêmeas disse, com os olhos lacrimejantes.

— Aguenta mais um pouco, Renata.

— Também estou cansada. — protestou a outra.

De repente, ele parou diante de um beco, se perguntando se era boa ideia entrar ali. Até que escutou barulho de pneu derrapando, alguns metros de distância. Foi o suficiente para fazê-lo mover os pés e se embrenhar no desconhecido.

— Pare aí, moleque. — uma voz estrondosa rugiu atrás deles. — Vão pegá-los.

o choro das meninas aumentou a aflição do garoto que não se importava mais se ia se machucar ao ganhar mais velocidade e arrastá-las pelos punhos, mesmo sentindo os ossos dos braços estalarem. As mãos das duas estavam úmidas por conta do suor e da chuva.Ele tinha consciência de que sofreria consequências se as abandonasse para salvar a própria pele. Os homens ainda estavam no encalço deles, tornando difícil a fuga. O som ameaçador dos passos se aproximando era acompanhado pelo rosnar feroz dos perseguidores. Seu foco não era nele, mas nas meninas, ainda tão jovens, a ponto de completarem sete anos em apenas seis meses.

Fugir do orfanato não era a solução ideal, mas preferiu isso a permanecer naquele ambiente desumano, quase selvagem, cercado por criminosos.

— I-imão — a voz trêmula delas provocou uma dor física na caixa torácica.

Desde que perderam os pais, jurou protegê-las e não deixar que nada de ruim acontecesse com elas.

Sem ninguém para recorrer, nenhum parente disposto a acolhê-los, tentou oferecer conforto:

— Calma. Eu vou tirar a gente daqui.

Mas sua determinação foi interrompida por um colapso repentino. Seu corpo atrofiado pelo cansaço o fez cair de joelhos, sem forças para continuar. Cada músculo, os ossos, até mesmo o sangue fervente em suas veias pareciam conspirar contra ele naquele momento.

O grito das meninas se transformou em um eco distante quando perdeu a força para segurá-las. A sensação de vazio se intensificou ao perceber que não as mantinha mais protegidas.Antes que pudesse reagir, um chute abrupto o fez tombar no chão frio e úmido, mas a dor era secundária ao sentimento de não tê-las ao seu lado.

— Você cometeu um grande erro, idiota — rugiu o homem mais velho, irritado, ordenando que as meninas fossem levadas e mantidas em silêncio.

Rafael tentou se erguer, sua respiração interrompida, mas sentiu uma onda de ódio ao encarar aquela figura odiosa à sua frente.

— Você quase estragou meus planos, idiota — o homem se aproximou, emanando ameaça. — Sorte sua que o deputado Thomas só vai chegar amanhã.

A ideia de ser adotado por aquele homem era aterradora. Quando ele e sua esposa visitaram o orfanato, algo neles não parecia confiável. A maneira como olhavam as duas garotinhas, como se fossem objetos, enviava arrepios por sua espinha. Além disso, o interesse peculiar que demonstravam por ele deixava Rafael desconfortável.

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Where stories live. Discover now