Ponto de partida

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As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama do amor está queimando...
Rubem Alves

Dedicado à: karolMad, MarciabertaMandlate, janarpaixao, Mandy24moura, @Samii_Sanberg GabrielaMiranda172, MayaraGomes15

Ele sentiu-se deslocado e estranho ao colocar os pés naquele lugar ao lado do menino. Sua primeira reação foi involuntariamente contrair o maxilar em resposta a múltiplos olhares curiosos e inquisitivos, acompanhados de cochichos nada discretos. No entanto, estava ciente de que esse tipo de situação acontecia em todos os lugares, então não era justificativa para simplesmente deixar seu filho ali, mesmo com seus amigos presentes.

É claro... as jovens haviam exercido uma influência sobre ambos, que os levou a frequentar a igreja, não apenas por causa delas. Ele reconhecia que esse sentimento de culpa persistente era tão sufocante que chegava a imaginar-se longe dos braços da Graça.

As pessoas cumprimentavam Paulo; ele era realmente cativante, atraindo olhares e provocando sorrisos em todos. No entanto, quando o olhavam, percebia a tensão em seus semblantes e o sorriso que exibiam parecia forçado.

"Você realmente deseja se submeter a isso?", ecoou aquela voz, assim que ele ocupou o assento vago ao lado de seu filho. 

Com raiva, ele comprimiu os lábios, baixando a cabeça na tentativa de ocultar o turbilhão de emoções que o assaltava.


— Finalmente alguém precisou te arrastar — disse alguém ao ouvido dele, e um aperto firme em seu ombro o fez levantar a cabeça.

A expressão de contentamento de seu amigo o fez franzir a testa. Era óbvio que os rapazes vinham se comportando de maneira estranha nos últimos dias, como se fossem quase pessoas diferentes. Não era algo ruim, mas ele lutava para identificar a origem ou a verdadeira razão por trás dessa transformação.

— Muito bom, Paulo — a voz de Rafael ressoou ao lado do menino, antes de ele sorrir para o outro. — Já estava me perguntando quando ele viria.

Theo observou os dois por um momento e, em seguida, direcionou seu olhar para Paulo, aparentemente intrigado.

— Saquei. — apontou o dedo para Paulo e depois para os outros dois, na respectiva ordem. — Vocês planejaram isso juntos, não é?

— Não tenho ideia do que está falando — respondeu Rafael, um tom de repreensão em sua voz.

— Não, senhor — interveio o menino com simplicidade. — Eles não me pediram nada.

Theo olhou fixamente, talvez em busca de algum vestígio de omissão na fala, mas sabia que o garoto não tinha o hábito de contar mentiras. Pigarreou, notando que agora, tornara-se objeto de estudo deles.

— Voltem para seus lugares, ou esposas — disse com um sorriso debochado, observando os dois rapidamente vasculharem o salão com os olhos, como se as garotas tivessem chegado. Theo acenou com a cabeça, vendo-os se afastar um pouco indignados.

Ele riu baixinho, percebendo que Paulo havia fechado os olhos, concentrado em algo, mesmo sem mover os lábios ou emitir som algum e ficou admirado por um garoto da idade dele ser tão convincente naquilo que acreditava. Igual Valentina...

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Where stories live. Discover now