Missão: Paulo Cupido

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Não há sofrimento na terra que o céu não possa curar.
Autor desconhecido


Dedicado à: user85948993, MaylaBatista


O congestionamento caótico nas vias da capital já era o suficiente para irritar Valentina. Após uma reunião cansativo pela manhã, ansiava pelo conforto de seu lar. O enfrentamento iminente com seu passado era um catalisador para seu nervosismo crescente. Cada cruzar de olhares acelerava as batidas do seu coração, criando uma sensação inquietante acompanhada por palpitações.

De maneira peculiar, ambos pareciam igualmente ansiosos na presença um do outro, como dois adolescentes apaixonados vivenciando o primeiro amor. Ao recordar dos motivos que a levou ali, ela deliberadamente rechaçou essas sensações, adotando uma postura mais séria e encerrando o tópico que se estendia por longos minutos.

Muito profissional da sua parte, Valentina, murmurou consigo mesma, misturando irritação e frustração.

Seu emocional encontrava-se em um impasse. Acreditava que não havia mais vestígios de sentimento por ele; vê-lo pessoalmente despertava tudo aquilo que ela julgava ter sido esvanecido. Até o jeito dele de falar estava diferente. Algo que não era habitual dele.

Apesar disso, sentia-se satisfeita com a notável mudança. Mesmo sem tocar no passado, os olhares já expressavam tudo. Ele almejava transpor a barreira que os separava, pois o primeiro passo já havia sido dado.

Contudo, o olhar distante dela, como se despertasse de um sonho, invocava um sentimento doloroso, latejando em seu peito.

Ele estava ciente de que merecia aquela frieza e até mais. As lembranças vívidas dos sonhos com ela enquanto estava confinado naquele hospício só intensificavam sua melancolia, a ponto de se sentir indigno apenas por vê-la. Admirá-la de longe parecia ser a única opção.Enquanto isso, Valentina temia admitir que ele ainda mexia com seus sentimentos, apesar das feridas. A dor da traição e mágoa ressurgiram rapidamente, inundando-a com uma vontade avassaladora de chorar — não ia transparecer na frente dele.

— Vamos — murmurou para si mesma, acionando o freio quando um carro à sua frente parou abruptamente. O fluxo de veículos encontrava-se caótico.

À medida que o congestionamento diminuía, ela seguiu seu trajeto, optando por um atalho para evitar outro engarrafamento na via expressa. O crepúsculo se aproximava e ela precisava revisar alguns pontos do projeto recente. O plano era lançá-lo na data estabelecida, já que o fornecedor indicado por Khalel mantinha a produção em ritmo acelerado.

A nova coleção de joias, segundo as projeções de vendas, apresentaria um retorno de cinquenta por cento no primeiro trimestre após o lançamento, seguido pela análise dos dados para compreender melhor o perfil do público. Ela ansiava por esses resultados.

Sinalizando antecipadamente, ela verificou o espelho retrovisor à direita. Foi então que uma figura no ponto de ônibus capturou sua atenção. Aquela cabeleira loira era inconfundível, mas o que ele fazia ali?

Parecia desorientado. Valentina mudou a sinalização, estacionou o veículo no meio-fio e abriu a porta, com a respiração um pouco alterada. Observou cuidadosamente em ambos os lados, aguardando o momento oportuno para atravessar.

Quando o menino mostrou vontade de se levantar, ela não hesitou e estendeu a mão, retardando momentaneamente o veículo que se aproximava. Ignorando o som insistente da buzina, ela atravessou a rua, percebendo o olhar do garoto em sua direção.

Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)Where stories live. Discover now