O que tens feito para ocupar teu tempo?

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No início, lá por março, abril até maio tudo era muito novo. Ainda tínhamos a "velha rotina" para administrar, para fazer os ajustes necessários. Os conflitos ainda eram pequenos. Fazia parte do "novo viver", não é mesmo?

Era preciso saber qual supermercado entregava em tua casa. Descobrir como era fazer os pedidos das comprar: para uns era necessário entrar no site, pesquisar se tinham o que querias, ver se os preços eram adequados, colocar no "carrinho", verificar quanto era a "taxa de entrega" e o prazo de entrega. Lidar com o número do cartão de crédito na internet era novidade para muita gente. Mas foi preciso se adaptar, não foi?

E a farmácia, uma compra tão constante quanto a de alimentos hoje em dia. Aquela farmacinha que você perguntava "tem tal medicamento? Quanto é? Podes me entregar? Traga troco para x reais" praticamente sumiram do mapa. Agora as grandes redes se associaram e você alé de esperar dois ou três dias ainda paga a famosa (sim, agora ela está presente em todas) taxa de entrega. E os medicamentos não vêm mais na sacola plástica com o nome da farmacinha. Tudo vem espremido num saco plástico todo lacrado e com um monte de etiquetas. E você não confere na hora: o porteiro recebe e quando muito te avisa da chegada, não é? E se der errado, lá vem a enorme burocracia da troca...

Ah, mas o mercadinho da esquina ainda está ali, firme e forte. Sim, alguns até aproveitaram que as grandes redes de supermercado criaram toda essa infra para te venderem pela internet e apostaram nas pequenas compras. Sim, e ainda têm o entregador que vem de bicicleta entregar e receber em dinheiro ou passar o cartão na maquininha: os porteiros precisam de tua autorização para eles irem até a porta do apartamento. Ai você confere e o que não estiver certo, logo ali é resolvido...

Isso, alguns açougues que insistem em sobreviver fazem desde sempre. E vão conquistando cada vez mais clientes porque passam a conhecer o cliente e como ele gosta de receber o corte de carne. E não muda muita coisa para você, não é?

E ir ao médico? Mudou muito para você? Existe agora a "telemedicina" algo que até já causou a demissão de um ministro sa saúde (entre outras coisas). Por um lado isto te facilita no dia a dia. Mas, já ouvi um médico dizer: isso não tem jeito, preciso fazer o exame para poder saber o que fazer. Assim, só falando não dá para um diagnóstico adequado mas... é o que temos! E dê-lhe de fazer mais perguntas que as respostas possam substituir o tato tão comum nos exames de consultório. Mudança por conta dos tempos. E consegue, pelo menos, prescrever alguma medicação. Mas e os exames laboratoriais? Bem, isso não tem jeito. Para alguns, a coleta pode ser domiciliar. Mas para os que dependem de equipamentos é preciso se deslocar até a clínica ou hospital. E lá vem a paranoia com o protocolo a ser seguido. E, se ao chegar lá você encontra uma sala de espera cheia, com cadeira marcadas com um "X" para não ser usada mas as pessoas se aglomeram em pé? Eu já desisti de um exame ao encontrar esta cena. E você, o que faria?

Ainda estou vivo. Ainda sobrevivo com meus demônios me atacando a cada coisa nova que preciso aprender. Apesar de ter diminuído drasticamente assistir noticiários na TV e na internet, ainda fico sabendo de coisas pelos mensageiros instalados em meu celular, porteiros e vizinhos que encontro quando vou tentar seguir uma rotina de caminhada matinal já agora com quase um ano dentro de casa.

Como você está lidando com isso?

TerapiaWhere stories live. Discover now