Você está constantemente preocupado o que os outros vão dizer sobre você?

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Essa pergunta envolve muito mais reflexão do que um simples sim ou não...

Houve tempo, e muito, aliás, em que isso era completamente necessário:trabalhava para os outros. Os outros me avaliavam pelo que eu fazia,tinha o trabalho reconhecido pelo grau de satisfação do avaliador,o que nem sempre era de acordo com a expectativa do que era melhor para o trabalho propriamente dito ou para quem, no fundo, pagava por ele.

Os resultados eram medidos, de um lado pela satisfação (ou não) do avaliador, que nem sempre era o que consideramos justo, imparcial.Pelo menos estas foram as experiências pelas quais eu tive que passar para chegar até onde cheguei.

Sabia do meu valor. Sabia até onde poderia ir pois era movido por ultrapassar metas e, depois, conviver com o desconhecido: aprender e fazer com que outros pudessem também conviver. Essa é a vida de todos os que se envolvem com inovações...

Mas,essa corrida de obstáculos, às vezes, encontrava obstáculos não padronizados: o esforço precisava ir além da minha crença e intuição. O esforço era maior. Não entendia. Hoje, talvez tenha noção do significado.

Em alguns muitos momentos pude seguir a minha crença e chegar ao final da corrida, cruzando na frente! Um respiro de satisfação, alegria pelo reconhecimento alcançado. As comemorações eram sempre curtas.Logo haveria outra corrida!

Minha cara sempre estava à frente dos muitos êxitos e fracassos colecionados. E, hoje, percebo que isto desagradou a muitos que competiram comigo. Avalio que deveria ter dado tempo para que outros também pudessem vencer suas corridas. Mas, não. Entrava para ganhar. Não me importava com os que estavam na corrida se eu me sentisse em condições de vencer. E, nas vezes que não consegui, a tristeza era grande. Os pensamentos ficavam rodeando minha cabeça como aquela ilustração gráfica dos gibis da minha infância.

Nem sempre existia a possibilidade de escolher com quem competir. Entrava num time pronto, escolhido por outros e percebia que o time não era forte nem comungava das minhas crenças no que era importante para vencer. Sem contar que existiam aqueles que jogavam a favor do adversário. Competiam com duas camisas... Até que aprendi uma avaliação que me marcou para até agora: minha camisa está marcada na minha pele: se eu não acreditar e for fiel a ela, não importa quão luxuosa seja a que visto! E, no caminho você vai descobrindo que nem todos da equipe têm a camisa estampada na pele. Isso machuca muito. Isso nos entristece. E, o que acaba sendo o pior: você não consegue transformá-los a ponto de marcarem a camisa na pele. E, isso vira erva daninha. Isso contamina e quando você percebe, está fora. Expulso como um saco de lixo. Me senti assim algumas vezes.Mas, a necessidade de buscar sustento não me deixava tempo para pensar. Era buscar outro time e ir em frente.

Falar dos medos sentidos. Naqueles momentos, era preciso criar coragem pra chegar em casa antes da hora costumeira e dizer que havia sido jogado fora pelo time. Os momentos entre a saída e a chegada eram terríveis.Mas no dia seguinte era preciso sair em busca de outro. Não poderia pensar que escolheria o outro pois era o outro quem me escolhia. E lá ia conviver com outro grupo.

Até que num determinado momento ouvi uma avaliação que me deixou perplexo. E me deixa até hoje: "Obrigado pelo papo mas, não posso te admitir no time porque você sabe mais do que eu". Cara, eu não quero o teu lugar; eu só quero participar da equipe. "Infelizmente eu não consigo acreditar nisso". Essa, talvez, tenha sido a porrada mais firme que tenham me acertado. Fui à lona, knockout técnico!

Joguei água na cara, respirei fundo e parti para uma nova luta.

Meu cardiologista por muitos anos, me disse uma vez: trabalhe sozinho. Faça alguma coisa que o time seja você. Experimente aprender novas coisas. Mostre o valor, pelo menos, de conquistar aprendizados.

E a guerra começou: fazer pães. Eu tinha ido para a escola e, com um certificado nas mãos comecei a fazer e oferecer. A roda começou a girar até que... furou! Passei para outro aprendizado. E mais outro.E outros... Agora estou aprendendo a fazer esculturas em madeiras. "Descobri" que mundo a fora tem muita gente fazendo isso e vivendo disso. Mas aqui...

E só me resta dançar porque o baile está só começando agora.Obrigado por me ouvir. Hoje eu que estabeleço o tempo para ir embora. Isso me chateia de falar!

Até a próxima.

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