Vamos falar dos inimigos?

13 1 0
                                    

Diante dos meus olhos arregalados, ouvi, antes de começar a falar. Ou tentar.

Não são as pessoas que você as separou num canto escuro nos relacionamentos. Quero ouvir você falar das coisas que você não aprendeu (não importa por qual motivo), das coisas que você não tem facilidade de desapegar sejam elas físicas ou emocionais. Das coisas que você as rotulou de "odiadas". É sobre isso. Vamos lá?

Pausa. Não sei por quanto tempo... Isso é difícil.

Eu sei. Mas isto fará bem para você. Você mesmo ouvir o que o teu "eu" quer que você ouça.
Vamos lá. Sem ordem temporal, largadas ao vento, tá bem?

Meu espaço. Isto tem me causado um certo desconforto ao perceber que ele está diminuindo com o tempo. Antes, eu sentia que tinha um espaço bem grande para fazer as coisas não só que eu gostava de fazer como as que eu deveria fazer por algum motivo. Sempre trabalhei em grandes empresas. Sempre interagi com muitas pessoas. Sempre influenciei muitas pessoas no agir e no fazer. Sempre compartilhei conhecimentos, ensinando pessoas a fazer novos procedimentos. E isso, ao longo do tempo tem diminuindo. Esse espaço está muito restrito nos dias de hoje apesar de toda a tecnologia disponível para a gente usar à vontade.

E eu sempre estive, profissionalmente, ligado à tecnologia. A informática esteve no meu sangue, no ar que respirei por muitos anos. Desenvolvi soluções. "criei filhos" que hoje já se multiplicam pela vida.

Sempre que paro para pensar nas folhas anteriores da história que tenho vivido, relembro momentos de grande alegria convivendo com traições e tendo o prazer de "brigar" todos os momentos para me manter "vivo" no cenário. Foi assim.

Hoje, sinto que este espaço está muito reduzido não só fisicamente no meu isolamento social. Sinto, emocionalmente, impelido a uma diminuição do espaço de atuar. O que fazer já tem menos possibilidades. Já me é mais difícil fazer o que tinha uma enorme facilidade: convencer os outros do que eu pensava, queria que fizessem. Hoje, muitas vezes penso falar em aramaico, sânscrito, sei lá. Noto dificuldade das pessoas entenderem o que eu digo ou tento demonstrar.
Isso vai me deixando num estado físico e emocional bastante abalado.

E o que eu tenho feito, você poderia me perguntar? Silêncio. Tenho exercitado calar-me. E isso me entristece. Me entristece porque antes, a cada negativa de aceitação eu me via estimulado a forçar um diálogo. Tinha tesão em convencer o interlocutor do meu ponto de vista. Sinto estar perdendo o gás que me motivava a fazer isso. Sinto que o meu "personagem" já não está tão ativo no palco da vida.

Sabe quando o ator precisa mudar de teatro para poder continuar a encenar a peça porque o público vai diminuindo e não dá bilheteria? Me sinto assim. A cada dia percebo menos espectadores na plateia. E acho que devo me preparar para os dias sem plateia. Eu só acho. Ainda não comecei. Acho que tenho medo de não conseguir. Isso. Medo do futuro.

Isso eu sinto mais forte a cada novo dia. Mas acordo, agradeço a mim e à divindade que me estimula por estar vivo para escrever mais uma página da minha história. E vou em frente.

Acabou teu tempo. Na próxima, continuamos deste ponto, OK?

OK! Até a próxima!

TerapiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora