2 - Ilhas Gêmeas

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Encarei os prédios à minha frente e senti como se tivesse retornado há uns anos atrás. A primeira vez que pisei no instituto, não fazia ideia alguma do que significava ser uma especialista e muito menos o quanto minha vida teria que mudar para me encaixar. Tudo aconteceu muito rápido.

Eu não tive chances quando foi a minha vez de me candidatar, desde o primeiro dia já estava com o tempo contado para ser convocada, tudo por conta da potência de meus poderes. Eu tinha a rara dominância sobre a luz, eram pouquíssimos os que possuíam essa habilidade, na verdade existiam apenas dois.

Éramos conhecidos como portadores puros, os afortunados de carregarem dentro de si uma faísca estreme do que um dia fez parte dos poderes da Rainha de Ouro, a nossa criadora, nossa senhora. Por tanto, minhas habilidades não me deram escapatória, já integrava o IEPL antes mesmo dos meus dezesseis.

O outro sortudo era o Dylan, um dos príncipes de Íllis, neto de Stella e primogênito do falecido Rei Christopher. Naquele exato momento, seu título não era mais tão importante assim, já que não existia mais a realeza. Dylan era considerado um dos portadores mais poderosos em todo o continente e também o presidente e fundador do instituto.

Noah dirigiu até o subsolo do prédio principal, adentrando no estacionamento coberto, assim que estacionou em uma vaga, descemos do carro e Safira correu em minha direção para segurar minha mão. No momento que toquei em sua pele, tive a sensação que estava tensa, porém não exprimiu uma palavra sequer o caminho inteiro, mesmo com Noah a provocando de vez em quando.

Avançamos em direção ao elevador e apertei o único botão que ali havia. Em alguns minutos, as portas metálicas se abriram, nos dando passagem para entrar.

— Noah Andrew, 2º andar. — Meu amigo disse em tom alto.

O instituto era controlado por uma equipe de agentes digitais, que possuíam acesso a tudo e coordenavam toda tecnologia existente ali dentro, incluindo os elevadores e algumas portas de acesso restrito. Todos os comandos eram dados por voz, justamente para que somente as pessoas autorizadas tivessem permissão para certa autoridade.

Um visor digital embutido logo acima de nossas cabeças indicava os andares que passavam, estávamos no -1, então não demorou até chegarmos no segundo andar e as portas abrirem novamente. A luminosidade forte amofinou meus olhos, o piso liso reverberava a luz do sol que infiltrava pela parede de vidro à minha direita, que, a propósito, concedia uma vista estonteante da cidade cercada pelo verde da floresta.

O andar era bem iluminado e mal necessitava das lâmpadas acesas. A alguns passos a frente, alcançamos a recepção, onde três lindas mulheres se encontravam sentadas atrás do balcão de mármore. A parede atrás de suas figuras ganhava uma tonalidade escura e havia um letreiro com as siglas "IEPL" em dourado e o nome por extenso abaixo, em letras menores.

— Bom dia, Kate — cumprimentei a que estava sentada no canto, era a única que eu conhecia.

— Bom dia, Alanys — retribuiu com um sorriso e ergueu-se — Senhor Noah, você por aqui... — Lançou um olhar divertido para o garoto ao meu lado.

— Senhorita Kate, sempre é um prazer ver sua beleza logo pela manhã — proferiu, apoiando os cotovelos no balcão e despontando um sorriso provocativo para a morena de cabelos escuros.

— Vocês estão indo para a coleta? — perguntou assim que notou a presença da minha irmã agarrada em meu braço.

— Sim, preciso da autorização em nome de Safira Hillbach, por favor — solicitei educadamente.

— Vou pegar agora mesmo — Antes mesmo de terminar a frase, ela já estava digitando ligeiramente no computador a sua frente. Um alarme baixo cativou nossa atenção, até que percebemos que vinha do pulso de Noah, era seu relógio.

A Soberana do Ouro NegroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora