12 - Encontro na Arena

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Novamente, dei o meu melhor sorriso e notei que um dos homens que estava ao seu lado tinha um sorriso curvado em seus lábios. Era o garoto com íris de ônix, contrastados com os fios prateados de seu cabelo, a pele bronzeada e coberta de tatuagens pelos braços, pude ver alguns desenhos em seu pescoço também.

Diferente dos outros, não senti desdém em seu olhar sobre mim. Ele parecia curioso e eu confesso que também estava curiosa em relação a ele. Sustentei meu semblante desinteressado. Meu coração latejou em meu peito com os segundos de silêncio que se manteve sobre todos nós.

— Sabe, se você pedir com jeitinho pode até ser que eu vá por conta própria — continuei com o deboche, enquanto Zyan lançava-me olhares frios.

— Eu ia mandar um recado para seu chefe, mas já que está aqui... — O tom baixo de Zyan chamou minha atenção, seu timbre mais grave que o normal. — Aproveite bem seu dia hoje e amanhã, depois nos veremos na arena inativa, às oito da manhã.

Toda minha postura sarcástica e debochada murchou no mesmo instante. Fixei meus olhos nos seus, encarando aquelas íris acinzentadas e soberbas, ao mesmo tempo que uma escuridão as dominava. Era o mesmo tormento que eu enxerguei na primeira vez que o vi.

— Certo — respondi com a voz quase falhando, um deslize que me amaldiçoei internamente.

Um sorriso viperino escorregou para o canto dos lábios bem delineados do Zyan, como se soubesse que, no final das contas, ele ainda era capaz de estremecer meus muros emocionais, independente das minhas tentativas miseráveis de me manter resistente.

— Gian, nos leve de volta — ele pediu ao homem de olhos ônix.

Gian. O garoto das névoas. Anotei mentalmente a informação.

Ele ergueu suas mãos e novamente uma fumaça negra os cercou, aos poucos expandindo seu tamanho e espessura, contornando os quatros. Em alguns segundos seus corpos viraram apenas sombras no meio do nevoeiro. A neblina parecia ter vida própria e avançou rapidamente em direção a floresta atrás deles.

A grama retornou ao seu pigmento esverdeado quando a bruma os carregou para longe de nós, não havia rastro de escuridão em nenhum lugar, a paisagem estava colorida e vívida de novo, como se nunca tivessem passado por ali. Era fascinante a maestria dos anciões em invocarem seus poderes, em total equilíbrio, sem um vestígio de imperfeição.

— O que foi isso? — A voz de Arya me despertou de meu estado de divagação — Por que você tem que se encontrar com eles na arena?

Suspirei forte e convidei a garota para sentar ao meu lado, próximo ao jipe. Contei superficialmente sobre o que tinha acontecido no Carpe Noctem, sobre a regra exclusiva para os lighters. Seus olhos arregalaram quando mencionei o julgamento por combate. Arya tinha a mesma idade que eu, não tínhamos completado sequer o nosso primeiro ciclo dos vinte e um anos, éramos uma das mais novas no instituto, a maioria já tinha pelo menos umas três décadas a mais.

— Tenho certeza que Dylan vai escalar o melhor dos nossos para te defender. — Ela repousou sua mão em meu ombro, um gesto de apoio, o que me fez sorrir de canto.

— Não sei se me sinto confortável com essa ideia — confessei, me debruçando sobre a grama. — E tenho certeza que Zyan também vai escolher o melhor dos portadores dele para garantir minha morte no final do dia. — Meu estômago revirou com a ideia.

Crispei os lábios e, só então, a realidade recaiu. Meus dias estavam contados, esses poderiam ser meus últimos momentos no mundo, o que eu faria com isso? Afundei meu rosto entre meus braços apoiados no solo, sentindo o ar quente dos meus pulmões aquecer minha face. Pensei em quando foi que a vida me confinou a aquele inferno próprio.

A Soberana do Ouro NegroWo Geschichten leben. Entdecke jetzt