14 - Não me chame de fadinha

24 11 7
                                    

Com a ajuda do Boris, criei um domo de proteção, apenas por precaução. Independente do que acontecesse em seu interior, não afetaria os demais que estavam distantes, cada grupo dispersado pelas arquibancadas em lados opostos. Enquanto isso, eu estava diante de, provavelmente, uma das mulheres mais letais do mundo.

Aferi mais uma vez à firmeza das luvas e a platina nos meus pulsos, cada detalhe era substancial para minha sobrevivência. Recordei todas as instruções que Brian me passou e respirei fundo. Não era apenas uma luta, era a minha chance de permanecer viva e eu estava disposta a ir ao limite.

— Sabe quantos semelhantes seus eu já enfrentei, fadinha? — Viper herdara o mesmo senso debochado do pai.

— Nenhum deles era eu, princesa — retribui a chacota.

— Não sou uma princesa — retrucou com a repulsa evidente em seu tom.

— E eu não sou uma fada — rebati impassível, posicionando-me no centro do domo.

Viper sorriu sarcástica, antes do adorno em seu pulso se movimentar. A víbora, que antes era apenas um ornamento, ganhou vida diante dos meus olhos, rastejando sobre a superfície de sua pele pálida em rumo aos dedos da garota.

Progressivamente a serpente se materializou em uma lança comprida e prateada, com as duas extremidades afiadas como a ponta de uma kunai. Os extremos pigmentados no mesmo tom que os olhos esmeraldas da portadora.

Viper arqueou a sobrancelha ao notar minha decisão de não evocar minha arma, o que me fez sorrir cínica com sua expressão emaranhada. A garota deu de ombros e correu em minha direção, empenhando-se em me acertar com a lança, porém esquivei e explorei o material rijo da luva para repelir sua próxima tentativa. Com a mão livre, usei meu punho para acertar um soco forte em sua mandíbula.

Observei-a se afastar com o golpe e erguer sua mão até o local atingido. Ouvi explicitamente seu riso perverso antes de seu olhar venenoso encontrar com o meu.

— Interessante — Suas íris esmeraldas cintilaram, respondendo o estímulo causado pelo desafio.

Ela avançou com sua haste apontada a mim e, ao se aproximar o suficiente, enterrou a extremidade pontiaguda no solo arenoso e a usou como apoio para saltar e tentar me acertar um chute. Nos últimos segundos, cruzei meus braços à frente do rosto para amortecer o contato. Meu músculo protestou com o impacto, me fazendo dar alguns passos para trás.

Viper golpeou novamente com um pontapé preciso no meu estômago, esvaindo o ar dos meus pulmões antes de estatelar-me no chão. Inspirei o máximo que pude para me erguer, mas a garota era mais ágil. Empunhando a lança e a rodeando entre suas dedos, tão rápido que pude até mesmo ouvir o silvo produzido pelo vento sendo cortado, e em uma dessas ela acertou um corte em meu rosto.

Minha garganta queimou com um grunhido de dor. Levei minha mão ao local, me arrependendo amargamente no mesmo segundo. Portanto, permiti que minha regeneração aliviasse a dor.

— Vamos lá, fadinha. Mostre o seu melhor.

Pressionei meus dedos uns contra os outros quando sua voz azucrinante alcançou meus ouvidos, inspirei o ar com destreza e me levantei mais lenta do que esperava.

Ergui um pouco meu olhar e encarei o céu azulado e estendi o braço, concedendo que toda minha ira se transformasse em poder. Um raio de sol, foi tudo que precisei para transmutá-lo em um líquido denso e dourado que fluiu pela minha mão.

Enquanto escorria pelo braço, minha string foi materializada. Um fio de luz reluzente, não afetava a mim, mas poderia ser intensa o suficiente para queimar meus inimigos com um toque.

A Soberana do Ouro NegroWhere stories live. Discover now