Pov Soraya:
Fiquei completamente abismada quando vi a presença de todos ali, e mais surpresa ao ver meu pai na minha frente, me olhando com os olhos que demonstravam decepção, muito provavelmente essa decepção seria por eu ter despeitado sua ordem ao não ver mais a Simone.
Porém, eu não estava nem aí. Ele poderia me dar um belo carão na frente de todos, mas eu não iria me arrepender de qualquer maneira.
Eu só estava apenas com a Simone; o amor da minha vida.
— Pai, eu juro que eu não queria desrespeitar sua ordem, mas eu não consegui evitar. Eu gosto da Simone, pai! — Falei para ele, tentando esclarecer para ver se ele me entendia.
— Senta, Soraya! — Ordenou de modo ríspido, olhando firmemente para mim. — E você também, Simone. — Pediu agora, olhando para a mulher ao meu lado.
Resolvi obedecer meu pai se sentando no sofá vazio — pois a família da Simone e a minha família — estavam sentados no outro sofá grande, de frente para mim.
Fiquei sentada ali, calada também, não iria contrariar meu pai na frente de todo mundo, mas se ele me dissesse mais uma vez para eu ficar longe da Simone, não iria cumprir sua ordem.
Não mais.
Simone ficou olhando para meu pai com os olhos fuzilante, mas decidiu acatar sua ordem sem falar nada. Ela veio até mim, e sentou-se no mesmo sofá que eu, estando ao meu lado, ficamos juntinhas esperando meu pai começar a falar.
— Eu não sei por onde começar, mas já adianto que você Soraya, está de castigo por ter me desobedecido. — Meu pai falou seriamente, fiquei tão incrédula que não podia acreditar no que ouvi.
— Não pode está falando a verdade. — Proferi dando um riso nasal. — Eu não sou mais uma criança, o senhor não tem o direito de me deixar de castigo como se eu tivesse dez anos.
— Tenho direito porque não importa a idade, eu ainda continuo sendo o seu pai, e você ainda continua sendo a minha filha. — Pronunciou sisudamente indo até o outro sofá, se sentando ao lado da minha mãe.
— Então me responda por que está fazendo isso, pai?! Por quê quer que eu fique longe da Simone? Eu não consigo entender, vocês estão colocando defeitos onde não tem. — Eu não queria me descontrolar, mas aquele mesmo assunto estava me enchendo demais.
— Tem sim, Soraya! — Afirmou a mãe da Simone. Franzi o cenho quando foi ela quem me respondeu.
Tudo que passava na minha cabeça agora, era a probabilidade dos pais de Simone também não querer que a gente fique juntas por causa da diferença de idade.
Observei Fairte respirando fundo e depois soltando lentamente seu ar, ela fechou seus olhos e depois os abriu com delicadeza, me fitou e fez menção de falar.
— Há muito tempo atrás, quando eu tinha vinte e sete anos, eu estava muito endividada e sem emprego, precisava arranjar um jeito de conseguir dinheiro. — Fairte contava vagamente a história, e todos ali prestavam atenção em cada parte. — Foi aí que eu finalmente conseguir um emprego na antiga casa do Eraldo, que ficava na cidade.
— Espera aí, mãe. — Interrompeu Simone, completamente confusa. — Está dizendo que a senhora conhecia o pai da Soraya muito antes de nos mudarmos para cá? — Perguntou franzindo o cenho, e ela assentiu vagamente, deixando nós ainda mais chocados.
— Eu era a empregada da casa, e na época, o Eraldo tinha apenas 17 anos de idade, ainda estava terminando o ensino médio. — Confessou olhando receosa para meu pai, e ele engoliu seco.
