Capítulo 3

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Sai de casa pela manhã já me sentindo cansada pela longa viagem que eu teria. O voo estava marcado para as 10h e ainda eram 8h30 da manhã, mas considerando que eu morava perto do aeroporto eu tinha tempo de sobra. Passei a noite checando se tudo estava nas malas, convenci o Bill a liberar o Nate por uma semana e, por incrível que pareça, eu ainda tive que comprar a passagem do cidadão, nem pra isso ele servia.

O caminho do meu prédio até o aeroporto não demorou muito como eu previa, o taxista tirou as minhas duas malas imensas do carro e logo me arrependi por ter que levar tanta coisa. Arrumei um carrinho de carga e fui fazer a checagem, rezando mentalmente para que o meu acompanhante não se atrasasse. Sentei no banco para esperá-lo com o cartão de embarque em mãos, por sorte eu sempre carregava um livro na bolsa caso precisasse de distração, e naquele momento eu precisava.

Eu estava em meio a um livro do Nicholas Sparks quando senti um cheiro de perfume masculino suave do meu lado, dei uma espiada tentando ser discreta quando a sua voz ecoou.

- Você vai se mudar ou o quê? – claro que era ele, eu não tive tempo nem de me iludir em conhecer algum desconhecido cheiroso no aeroporto.

- Droga, Nate. – falei irritada, finalmente encarando seus olhos. – Se eu fosse me mudar, com certeza eu não carregaria só duas malas.

- Só?! Olha o tamanho disso, são dois monstros. – apontou para as minhas malas rindo, procurei as suas malas e tudo o que eu achei foi uma mala de lona.

- Você só está levando isso? – perguntei desacreditada e ele deu de ombros. – O seu terno coube aí?

- Que terno? – ergueu uma sobrancelha.

- Como assim você vai ser padrinho em um casamento e não está levando terno? – levantei um pouco a minha voz e ele riu ainda mais.

- Você conhece a palavra aluguel? Então... – balancei a cabeça soltando a respiração e voltei minha atenção ao meu livro. – Já está na hora do nosso voo.

Ele mal terminou de falar e uma voz nos alertou que o nosso voo iria atrasar meia hora. Ótimo. Realmente eu não estava nos meus melhores dias, já estava me questionando se a palavra sorte deveria existir no meu vocabulário.

- Acho que não está na hora do nosso voo. – concluiu.

- Você acha? Eu tenho certeza. – não tinha jeito, a minha vontade de respondê-lo era maior que eu.

Guardei o livro constatando que eu não conseguiria mais me concentrar na leitura e fiquei olhando pro nada por um tempo. Nate esticou os braços pelo encosto do meu banco e do banco ao lado, homens não eram nem um pouco folgados, olhei séria para ele e uma senhora me chamou a atenção.

- Vocês formam um lindo casal. – a senhora sorria para nós e eu fiquei sem reação.

- Muito obrigado. – Nate sorriu se aproximando de mim, agora com uma mão no meu ombro e com a outra colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Encarei seu perfil mais uma vez surpreendida e voltei a olhar para a mulher de idade na minha frente, eu imaginava que ela tinha uns 60 anos, julgando pelos seus cabelos grisalhos.

- Obrigada. – Sorri sem graça, se era pra começar o teatrinho, era melhor fazer direito. – A senhora está indo pra Los Angeles também? – perguntei.

- Sim – concordou com a cabeça. - E resolvi me sentar quando minha neta falou que ia atrasar.

- Espera, a sua neta é a mulher que falou no auto-falante? – Nate perguntou realmente em dúvida e eu lhe dei uma cotovelada de leve, isso era sério mesmo?

- O quê? Não, ela é aquela moça que está fazendo checagem. – a dona apontou para uma loira parada em frente ao balcão entregando alguns documentos.

Very Well AccompaniedWhere stories live. Discover now