Sai de casa pela manhã já me sentindo cansada pela longa viagem que eu teria. O voo estava marcado para as 10h e ainda eram 8h30 da manhã, mas considerando que eu morava perto do aeroporto eu tinha tempo de sobra. Passei a noite checando se tudo estava nas malas, convenci o Bill a liberar o Nate por uma semana e, por incrível que pareça, eu ainda tive que comprar a passagem do cidadão, nem pra isso ele servia.
O caminho do meu prédio até o aeroporto não demorou muito como eu previa, o taxista tirou as minhas duas malas imensas do carro e logo me arrependi por ter que levar tanta coisa. Arrumei um carrinho de carga e fui fazer a checagem, rezando mentalmente para que o meu acompanhante não se atrasasse. Sentei no banco para esperá-lo com o cartão de embarque em mãos, por sorte eu sempre carregava um livro na bolsa caso precisasse de distração, e naquele momento eu precisava.
Eu estava em meio a um livro do Nicholas Sparks quando senti um cheiro de perfume masculino suave do meu lado, dei uma espiada tentando ser discreta quando a sua voz ecoou.
- Você vai se mudar ou o quê? – claro que era ele, eu não tive tempo nem de me iludir em conhecer algum desconhecido cheiroso no aeroporto.
- Droga, Nate. – falei irritada, finalmente encarando seus olhos. – Se eu fosse me mudar, com certeza eu não carregaria só duas malas.
- Só?! Olha o tamanho disso, são dois monstros. – apontou para as minhas malas rindo, procurei as suas malas e tudo o que eu achei foi uma mala de lona.
- Você só está levando isso? – perguntei desacreditada e ele deu de ombros. – O seu terno coube aí?
- Que terno? – ergueu uma sobrancelha.
- Como assim você vai ser padrinho em um casamento e não está levando terno? – levantei um pouco a minha voz e ele riu ainda mais.
- Você conhece a palavra aluguel? Então... – balancei a cabeça soltando a respiração e voltei minha atenção ao meu livro. – Já está na hora do nosso voo.
Ele mal terminou de falar e uma voz nos alertou que o nosso voo iria atrasar meia hora. Ótimo. Realmente eu não estava nos meus melhores dias, já estava me questionando se a palavra sorte deveria existir no meu vocabulário.
- Acho que não está na hora do nosso voo. – concluiu.
- Você acha? Eu tenho certeza. – não tinha jeito, a minha vontade de respondê-lo era maior que eu.
Guardei o livro constatando que eu não conseguiria mais me concentrar na leitura e fiquei olhando pro nada por um tempo. Nate esticou os braços pelo encosto do meu banco e do banco ao lado, homens não eram nem um pouco folgados, olhei séria para ele e uma senhora me chamou a atenção.
- Vocês formam um lindo casal. – a senhora sorria para nós e eu fiquei sem reação.
- Muito obrigado. – Nate sorriu se aproximando de mim, agora com uma mão no meu ombro e com a outra colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Encarei seu perfil mais uma vez surpreendida e voltei a olhar para a mulher de idade na minha frente, eu imaginava que ela tinha uns 60 anos, julgando pelos seus cabelos grisalhos.
- Obrigada. – Sorri sem graça, se era pra começar o teatrinho, era melhor fazer direito. – A senhora está indo pra Los Angeles também? – perguntei.
- Sim – concordou com a cabeça. - E resolvi me sentar quando minha neta falou que ia atrasar.
- Espera, a sua neta é a mulher que falou no auto-falante? – Nate perguntou realmente em dúvida e eu lhe dei uma cotovelada de leve, isso era sério mesmo?
- O quê? Não, ela é aquela moça que está fazendo checagem. – a dona apontou para uma loira parada em frente ao balcão entregando alguns documentos.
YOU ARE READING
Very Well Accompanied
RomanceHá dois anos atrás Ashley foi abandonada dias antes de seu casamento pelo homem que ela acreditava ser o amor da sua vida. Agora, seu irmão, Anthony, irá se casar e o padrinho da noiva é justamente o seu ex-noivo. Desesperada, acaba falando para sua...