8 de Setembro

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A garotinha ruiva de sardinhas no rosto, ele bem lembrava. Era irmã de seu melhor amigo, Anthony, e ela sempre o chamava por um apelido: Tony.

Então todo mundo passou a chamar Anthony de Tony, tudo por causa da garotinha ruiva de sardinhas no rosto.

Ela era tão adorável que ele queria ser amiguinho dela, será que ela seria legal com ele também? Queria brincar com ela, jogar bola ou correr, brincar de boneca ou de mamãe e filhinho. Ele não ligava desde que ela fosse sua amiguinha também.

- Oi – ele disse assim que se aproximou do balanço que ficava nos fundos do quintal dela, onde ela balançava baixinho.

Eram vizinhos e o fundo da casa de ambos não tinha nenhuma separação.

- Ei – sorriu; lhe faltavam alguns dentes que tinham caído, mas as covinhas ainda a deixava totalmente adorável. – Me empurra? Eu quero ir beeeem alto.

- Claro – ele respondeu e então empurrou a garotinha ruiva de sardinhas no rosto, dentes faltando e covinhas.

- Qual o seu nome mesmo? – ela perguntou curiosa.

- Nathan.

- Nathan é muito sério, vou te chamar de Nate – falou decidida e ele riu.

- Nate é um apelido legal, e qual é o seu nome?

- Ash.

- Mas Ash não é o seu nome.

- Não, meu nome é Ashley, mas eu não gosto de Ashley, é muito sério – tagarelou, olhando para o alto.

- Ashley é um nome muito bonito – elogiou.

- Mas eu gosto de apelidos – ela olhou para ele, por cima dos ombros. – E Nate também é muito bonito.

Ele sorriu, tinha certeza que seria igual como foi com Anthony, em um piscar de olhos Nathan se tornaria Nate. A ruivinha tinha dito que era um apelido muito bonito e nela ele acreditava.

Ah, a garotinha... Quem diria que quase 20 anos depois ela seria uma mulher ruiva de sardinhas no rosto, covinhas e sua.

***

Nunca imaginei que passaria pela mesma situação em menos de um ano. Ashley segurava a minha mão com força, como se eu fosse sair correndo a qualquer instante. Mas eu não tinha viajado para o Texas com a intenção de fugir logo agora, de frente para a porta da casa, até então desconhecida, da minha famigerada mãe.

Eu e minha namorada nos entreolhamos, um pergunta silenciosa pairava pelo ar até uma de suas sobrancelhas serem arqueadas.

Se você não apertar essa campainha, eu aperto.

E antes que ela cumprisse aquela promessa silenciosa apertei a campainha ainda a encarando, não ia desperdiçar toda a paciência e dinheiro investidos naquela viagem para nada.

Em um primeiro instante Ashley foi sutil, perguntava se eu não sentia falta da minha mãe e que em algum momento eu tinha que perdoa-la, querendo ou não a mulher tinha me dado a luz, seu nome estava lá na minha certidão de nascimento. Então passei a cogitar um possível reencontro. Finalmente fazer isso por mim e não pelo meu pai. Eu precisava tirar aquele peso das minhas costas, para enfim pensar em colocar em prática o que eu tinha em mente.

Chegamos a Dallas na noite passada, mas decidimos descansar em um hotel e fazer a visita depois do almoço, para não ter o risco de incomodar ninguém. O plano era ficar até a noite de sábado na casa da minha mãe, voltar para o hotel e viajar logo no domingo pela manhã.

Very Well AccompaniedWhere stories live. Discover now