Capítulo 8

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– Vamos de pedalinho!

– Bote.

– Pedalinho.

– Bote.

– Que problema você tem com a droga do pedalinho?

– Caralho, Ashley, que problema você tem com a porra do bote?

Parece muito infantil dizer que eu e Nate já estávamos naquela por minutos? Desde pequenos costumávamos ir para o lago que tinha perto de casa, era divertido e ajudava a renovar os ânimos. Eu sempre gostei de andar no pedalinho, mas os meninos sempre navegavam de barco. O pedalinho com uma cara de cisne me agradava mais que o barquinho pequeno que tinha ali, fora que eu tinha pavor de subir naquilo. Ainda mais com o Nathan que adorava tirar uma com a minha cara.

Cruzei os meus braços, cansada daquela discussão sem cabimento, e bufei andando em direção do maldito barco que estava atracado na pseudo areia que tinha ali. Pude ver o vislumbre de um sorriso aparecer no rosto do cidadão, mas o ignorei.

Entrei no bote segurando os remos e Nate empurrou o mesmo em direção à água, até que as suas canelas estivessem submersas. Ele subiu na embarcação com facilidade e pegou um dos remos, então começamos a remar em direção do que parecia ser o meio do lago. Aquele lago era imenso, no entanto, e os outros já tinham desaparecido da minha visão. Até parece que o Tony ia perder tempo esperando a gente se resolver e perder o nascer do sol ao lado da sua futura esposa.

– Ashley, você tá remando pro lado errado – falou assim que troquei o remo de lado, quebrando o sagrado silêncio que tinha tomado conta do lugar.

– Ah tanto faz. – Soltei o remo em cima do bote e deixei que ele remasse sozinho, não fazia muita diferença se eu remasse mesmo.

Definitivamente, eu não era uma pessoa matinal.

– Nascemos para discutir um com o outro, não é mesmo?

– Minha mãe não me trouxe à vida pra você ser o centro dela.

– Incrível a sua capacidade de me odiar desde sempre.

– Não é desde sempre e você sabe. – Encarei seu rosto pela primeira vez desde que subimos naquilo.

Eram 6 horas da manhã e mesmo sem o sol ter nascido ainda, já estava abafado. Enquanto eu estava com um short e uma regata larga, Nate estava com uma bermuda e uma camisa sem manga, que deixava os seus braços expostos. Desci os meus olhos para o seu braço, seus músculos ficavam bem explícitos quando remava daquela maneira, e o tecido da camisa praticamente grudava em sua barriga. Deus, por que ele usava uma roupa tão justa? Isso era tão injusto.

Voltei meu olhar para o dele e ele tinha um sorriso de lado no rosto revelando que ele tinha percebido a minha análise pelo seu corpo, não desviei, apenas esperei pela sua resposta.

– O que eu sei, Ash? – Usou o meu apelido de forma debochada.

– Que você mudou de colégio e se tornou um babaca. Qual é, Nate? Você me ignorou por meses – pronunciei, indignada.

Eu nunca tinha conversado sobre aquilo com ninguém, a não ser meu irmão. E mesmo assim Tony achava certo, porque afinal eles saiam para fazer molecagem e eu era largada em casa por ser uma menina. Ingênua. Indefesa. Em que mundo eles achavam que viviam?

– Achei que você preferia brincar de boneca – provocou.

– Nate, você sabe que meu humor está ótimo hoje, eu ataco esse remo na sua cabeça sem nem pensar duas vezes. – Estava impaciente para os seus comentários ridículos.

Very Well AccompaniedOnde as histórias ganham vida. Descobre agora