Capítulo 17

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Eu podia lidar com tudo, com a ressaca, com a dor de cabeça, com a dor no corpo, acordar nua na minha própria cama, mas eu não sabia como lidar com a perda de memória recente.

Droga. Era sempre assim.

Todo mundo tem um limite para bebida alcoólica, e eu claramente tinha um também, que foi ultrapassado com sucesso diante dos atuais fatos. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido noite passada, mas a única certeza que eu tinha era que eu provavelmente tinha transado com alguém. De novo.

Droga. Pelo meu estado tinha sido bom demais.

Cocei os meus olhos vendo a claridade entrar pela cortina do quarto, estava sozinha na cama e os lençóis estavam uma bagunça. Sentei na cama cobrindo o meu tronco por algum motivo qualquer, me senti estranha por um minuto ou dois, enquanto tentava me lembrar de qualquer mísero vestígio do que tinha acontecido na noite passada. Então meus olhos encontraram o cantinho do quarto onde Nathan tentou me convencer a todo custo que ficar em casa era melhor do que ir para uma despedida de solteiro. O que foi suspeito já que ele era o cara que sempre preferia farra a ficar em casa.

Deus, quem eu queria enganar? Por mais que atitudes sejam a melhor forma de provar algo, eu necessitava que ele falasse o que sentia com palavras. "Ashley, eu curto ficar com você" já estaria de bom tamanho. Eu não conseguia mais viver com o benefício da dúvida, era o famoso momento em que eu precisava saber que merda estava acontecendo, tanto com ele quanto comigo.

Forcei minha mente mais um pouco e me lembrei de algumas coisas que aconteceram na limusine, das bebidas, das músicas, do teto solar, da mensagem... Peguei meu celular no criado mudo só para ter certeza de que aquela mensagem realmente existia e não só existia, como eu havia respondido.

Parecia uma bêbada desesperada.

Então flashes do que aconteceu na boate começaram a surgir de forma clara, lembrar de todas as bebidas que tomei fez o meu estômago embrulhar e ter a absoluta certeza de que nunca mais eu colocaria uma gota de álcool na boca. Bom, até eu esquecer das sensações que estava tendo agora.

A porta do quarto abriu e puxei mais os lençóis para me cobrir, era o dito cujo com uma caneca em mãos e um sorriso no rosto. Um frio na barriga se apossou ainda mais de mim e por um segundo pensei que fosse vomitar, mas apenas sorri, franzindo a testa quando ele me entregou o objeto de cerâmica.

- É pra te ajudar na ressaca. – explicou e inspirei o cheiro de café forte. – Você precisa estar novinha em folha pra daqui a pouco.

- Eu não sei se vou ficar. – tomei um gole, evitando manter o olhar por muito tempo.

- Você tá se sentindo mal ou alguma coisa? – perguntou preocupado, sentando-se ao meu lado na cama.

- Não, eu só preciso... – deixei a frase morrer e tomei mais um gole do líquido.

- É algo além da ressaca? – tentou adivinhar.

Enquanto Nate me analisava cuidadosamente com os seus olhos azuis, eu percebi que ele tentou me tocar duas vezes, mas desistiu, parecia ter medo de me tocar e aquilo tornava a noite mais real. Eu precisava lembrar.

Fechei os olhos com força tentando lembrar de qualquer detalhe, qualquer mesmo, mas eu mal me lembrava do que tinha acontecido depois que o show começou. Mandei mensagens para ele e depois?

- Eu vou tomar um banho. – anunciei me levantando com o tecido enrolado no corpo e a caneca em mãos.

Tranquei-me no banheiro e suspirei, eu queria chorar de frustração, mas apenas me livrei do lençol e me enfiei debaixo do chuveiro. Aquilo tinha que ajudar.

Very Well AccompaniedWhere stories live. Discover now