{Quinta} - Óbvio Demais para se Chamar Epifania

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Eu estava cansada depois de toda aquela conversa então acabei me arrastando para dentro do quarto e me jogando na cama. Minhas roupas não eram as mais confortáveis para dormir, por isso fiquei um tempo deitada criando coragem para me levantar e me trocar.

Alia e Aziz havia se acomodado nos quartos, ainda que eu achasse que ela provavelmente iria acabar passando a noite com David.

O silêncio estava de volta na casa, mas eu me sentia um pouco mais leve. Tudo que havia para se dizer havia sido dito e finalmente não haviam mais segredos.

No entanto, algo ainda me incomodava. O diamante que Kenny havia falado. Parecia muito bom para ser verdade, viver essa vida sem precisar me preocupar em controlar uma empresa. Não poderia ser tão fácil assim.

Batidas na porta me tiraram daquele devaneio.

- Pode entrar - disse me sentando na cama.

David se esgueirou pela fresta na porta antes de entrar totalmente. Ele queria se certificar de que não haviam mais ninguém lá dentro. Era estranho pensar que um dia atrás, eu queria que ele batesse na minha porta e agora aquela parecia uma péssima ideia.

- O que você tá fazendo aqui? - Perguntei querendo soar menos agressiva do que minhas palavra.

- Eu queria falar com você.

Ele me olhava não parecendo o mesmo David de antes. Não havia mais toda a confiança.

- O que é? - minha voz saiu seguida de um bocejo.

- Eu não quero que o que aconteceu destrua a nossa relação.

- Você quer dizer a nossa relação completamente profissional onde nada nunca aconteceu?

- Não, é mais do que isso. Nós estávamos indo bem em ser amigos. Nós podemos voltar até àquele ponto.

- David, eu não acho que podemos - eu disse me sentindo culpada pelas minhas palavras. Não queria ser má com ele, mas ele precisava entender como eu me sentia - Eu acho que o melhor a fazer é manter a hierarquia onde eu sou o chefe e somos educados um com o outro, mas não amigos, porque no final, eu estou pagando o seu salário.

Cada uma daquelas palavras soavam agressivas para mim, eu me sentia mal, mas, ao mesmo tempo, era uma linha que precisava traçar com ele.

- Mas eu gosto de você.

- Não, não, não - eu me levantei apavorada com aquela péssima escolha de palavras - Você gosta da Alia, você me conheceu há dois dias.

- Quatro.

- Não importa.

- Importa. Eu não quero que sejamos assim.

- David. Não existe um nós. Então, por favor, não use verbos no plural. Nós tivemos um momento, mas isso é tudo. Se você não estiver confortável, eu posso conseguir para você um emprego melhor onde você não vai ter que continuar a me ver.

- Eu não quero isso - ele disse parecendo sofrer com aquelas palavras. David se aproximou ficando a minha frente - O beijo, você sabe que significou alguma coisa. Você sentiu, eu sei disso.

Fiquei sem palavras, ele estava tão perto. Era óbvio que eu havia sentido alguma coisa. Eu deveria sentir alguma coisa quando alguém me beija, não significava algo incomum e incrivelmente mágico. Havia sido especial, eu precisava admitir, mas eu também havia sido levada pelo momento. Eu não sabia sobre ele e Alia.

Cup of TeaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz