{Quarta} - Até Logo

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Ele lia sentado em frente à tela gigante de seu computador enquanto eu me esparramava na cama sobre o edredom macio olhando para o teto. Eu já havia bebido duas xícaras de chá e repousava minha terceira na mesinha ao lado.

Sua voz fluía tomando o quarto. Eu escutava a meu estranho e intrigante mistério com atenção. Me divertia por estar do outro lado mais uma vez. Eu adorava escrever, mas algumas vezes tudo que queria era escutar a estória, não ter que pensar nos detalhes, como fazer um final, todos os sinônimos para as palavras repetidas... A simplicidade de somente escutar era perfeitamente relaxante.

- Fim - ele dizia girando a cadeira e olhando para mim.

Virei a cabeça deixando nossos olhares se encontrar. 

- Eu tenho uma única critica - disse levantando a mão como se alguém mais tivesse algo a dizer.

- Pode mandar. Não seja muito cruel.

- Olívia não deveria ficar com o garoto no final. Ela conseguiu roubar o diamante e desaparecer. Ela encontrar o garoto no final, não faz sentido. Ela já tem o que quer, e não é ele.

- Eu disse não seja cruel.

- Mas eu não estou sendo - digo estendendo o braço indicando para ele deslizar a cadeira mais para perto. Sento na cama cruzando as pernas. - Eu entendi que eu sou a Olívia, mas você não é o Adam. Olívia conhecia o Adam há alguns dias. Eles tiveram toda essa química e blá, blá, blá, mas você não divide um diamante com alguém só por causa disso. Eu posso dizer com certeza que eles não duraram.

- Então, quem eu sou dentro da estória?

- Peter.

- O garoto que todo mundo detesta? - vejo a forma como ele me olhou confuso.

- Mas ela não. Eu estou aqui afinal, não é? - eu o via sorrir - E infelizmente, eu não tenho o diamante - brinquei.

Kenny se afastou me fazendo rever minha frase tentando entender se eu havia feito algo de errado.

- Se eu te oferecesse o diamante. Como você acha que terminaria? - ele tirava de dentro da gaveta alguns papéis que rapidamente me foram familiares.

- Como assim? - meu olhos estavam grudados nos papéis que eu já tinha visto tantas vezes que quase havia decorado as palavras.

- Depois que você foi embora, eu tentei dar uma de detetive para encontrar você. Eu fui até a sua casa sem sua tia saber e encontrei isso. Fiz uma cópia do testamento dos seus pais.

- Porque? - não sabia como me sentir sobre isso - Não tem nada para se fazer. Meus advogados já revisaram isso várias vezes - ele me mostrava a cópia do testamento, mas a deixei de lado porque não precisava ver mais uma.

- Eles nunca foram seus advogados, Aurora.

Eu escutei aquilo como se me surpreendesse. É claro que não eram, todos estavam sobre controle da minha tia.

- Então, ela também me manipulou nisso?

- Eu não sei, eu não quero colocar a culpa nela simplesmente. É um testamento bem escrito e encontrar alguma falha é quase impossível.

Cup of TeaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora