Capítulo Vinte e Cinco

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Não percebi o tamanho da enrascada em que estava até o momento em que mesmo Hunter me olhou como se eu fosse o maior pateta do universo. Se havia chegado ao ponto de o cara com o apelido de Puppy acreditar que eu estava completamente errado, então era um caso sério a ser analisado. Em minha defesa, contudo, não estava acostumado com o tipo de situação que me levara àquele problema – e foi exatamente o que disse a eles.

- 'Tá falando sério? Você só pode estar brincando. Porra, Duke! Eu esperava uma bobagem dessas do garoto, não de você.

- Hey! Que culpa eu tenho do cara ser um idiota?

Hunter protestou, mas eu estava tão incrivelmente preso em meu próprio problema que nem mesmo tive vontade de dar o tapa na nuca que ele estava merecendo. Aquela conversa era uma merda quase tão grande quanto a confusão em que havia me metido.

Que porra, que porra, que porra.

Encarei o líquido âmbar no copo em minha frente no balcão, sentindo-me tão idiota que nem mesmo o conforto da bebida tinha mais. Esfreguei as mãos pelo rosto, exausto mentalmente. Como se tudo já não fosse ruim o suficiente, ainda tinha que aguentar os dois patetas, cada um de um lado meu, falando sem parar.

- Calem a boca, porra – bati o copo contra a madeira com força suficiente para que o copo rachasse e respingos de whisky se espalhassem.

Mesmo mantendo minha atenção nas prateleiras repletas de garrafas de álcool sobre a parede atrás do balcão a minha frente, sabia que eles estavam se entreolhando por cima da minha cabeça.

- Ok. Já chega.

Chase disse, incisivo, empurrando meu copo para longe enquanto Caleb tirava algumas notas e deixava ali para pagar nossas contas.

- Vamos lá – o pateta mais velho continuou, segurando meu braço para que me levantasse.

E porque estava sem vontade de discutir, ou sem força de vontade para fazer qualquer outra coisa, deixei que me puxasse para fora do bar.

- O que vocês estão fazendo? - resmunguei depois de ser empurrado para o banco do carona em meu carro.

Não sabia em que momento exatamente eles pegaram a chave e também não me importava.

- Vamos dar um jeito no problema, é claro. - Chase disse, ligando o carro enquanto Hunter se acomodava no banco de trás.

- Como vamos dar um jeito no problema, idiota? - rangi os dentes. - Não dá para consertar.

- Olha, Duke, nós concordamos que você foi um imbecil mais obtuso do que o normal, porém não é como se você tivesse no meio do Atlântico dentro de um navio afundando. - Puppy respondeu.

- Depende do ponto de vista, né, pois, para mim, esquecer de comprar um presente de Natal para sua namorada parece um belo de um Titanic.

E porque o soco que ele merecia não valia um acidente de carro, continuei quieto.

- Relaxa, cara - continuou, rindo às minhas custas ao fazer uma curva, tomando um atalho para evitar as ruas movimentadas pelo feriado ou fechadas pela neve. - Nós vamos dar um jeito. O que você quer comprar?

O que eu queria comprar para minha namorada no primeiro Natal em que passávamos juntos? O que queria comprar para mulher mais importante da minha vida?

O mundo. O céu. Tudo. O que ela quisesse.

- Não faço a mínima ideia - passei a mão pelo rosto.

O silêncio pesou no carro por alguns segundos até que Chase falou:

- Hunter, você conhece algum joalheiro?

BlackbirdWhere stories live. Discover now