Capítulo 10

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  As aulas com o Sr

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  As aulas com o Sr. Arthur têm sido cada vez melhores. Não que o homem de cabelos negros, puxados para trás num coque samurai, se tenha tornado mais simpático - longe disso - ele continua exigente e resmungão como sempre, mas com uma diferença, ele já não anda tanto em cima de mim. Digamos que estou a fazer tudo o que posso para aprender o que ele ensina e fazer as coisas direito, de maneira a evitar os seus raspanetes. 

  Estranhamente também não me tenho metido em problemas... o que está a deixar o grande Mark Campbell muito feliz. 

  Os instrumentos de luta das aulas também mudaram. Se até agora os treinos se focavam nos finos, mas compridos, bastões, agora passamos a utilizar estacas.

  Quando o Sr. Arthur nos informou que iríamos treinar com o instrumento mais tradicional para matar os Volks, olhei em volta para os meus colegas, e era visível um sorriso ansioso nos seus rostos. Sorriso que acabou por se dissipar quando viram de que é que se tratava.

  Os objetos que o nosso professor nos entregou, apesar de serem cópias perfeitas das estacas de prata, eram só isso mesmo... cópias! Nem sequer eram feitas de prata, mas sim de plástico.

  Lanço a mão fechada em punho para a direita. Esta não acerta nada que não seja o simples ar, devido ao facto do ruivo, que eu não faço a mínima ideia de qual seja o seu nome, agachou-se, esquivando-se do meu golpe.

  Ele levanta-se quase de imediato e encara-me pronto para me atacar, mas eu antecipo-me levantando o meu pé e batendo com a planta do mesmo no seu peito, protegido pelo colete preto que todos temos que usar.

  O Sr. Arthur organizou-nos em pequenos grupos para treinarmos como se estivéssemos no meio de uma batalha com Volks. Neste momento eu sou a Guardiã, tendo uma das mãos ocupadas com a estaca de treino, enquanto que dois dos meus colegas, incluindo o ruivo no chão, fazem de conta que são Volks, e me tentam atacar de todas as formas possíveis, não desistindo enquanto não sejam dominados.

  O rapaz recua com o impacto do meu golpe, mas eu não tenho tempo de verificar como é que ele está. Atrás de mim já se encontra o Thomas que agarra no meu braço, tentando me prender. Com o meu braço livre dou uma cotovelada no seu estômago. Ele inclina-se com dores, mas não demora muito para se recompor.

  Ao olhar à minha volta vejo o ruivo já de pé. Os dois rapazes encontram-se ao meu lado, encurralando-me. O rosto do Thomas está tomado por um sorriso convencido -  ele acha mesmo que acabou de ganhar - enquanto que o rosto sardento do ruivo se encontra focado em mim. Ele está tão concentrado em acabar comigo que chego a pensar que para ele isto é muito mais do que um simples treino.

  O primeiro a avançar na minha direção é exatamente o ruivo, que com tanta sede de batalha acabou por se esquecer de uma das lições mais importantes: "Nunca sejas o primeiro a atacar, isso vai te trazer uma grande desvantagem em relação ao teu adversário." O Sr. Smith tinha-me dito isto no nosso primeiro treino, e de cada vez que estou na aula do Sr. Arthur, nestes intensivos treinos que acabam sempre da mesma forma: uma enorme fila até à enfermaria e, por diversas vezes, algumas visitas ao hospital, lembro-me das suas palavras.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now