Capítulo 23

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  Ninguém é realmente inocente

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  Ninguém é realmente inocente. Essa deve ser uma das maiores lições que aprendi ultimamente e que nunca mais me irá sair da cabeça caso consiga sair daqui viva.

  A Abby movimenta-se de um lado para o outro, numa postura anormalmente reta e os seus pés pisam com firmeza no chão enquanto fala. 

- Tu és igual a todos os outros... - a sua voz sai repleta de escárnio. - Patética, fraca e vulnerável. 

  Embora me apeteça levantar e espancar a Abby por tudo o que ela tem feito, a verdade é que não o consigo fazer. Parece que o meu corpo pesa três vezes mais do que o normal. A minha garganta está arranhada depois de tanto vomitar aquele liquido negro e faço um grande esforço para não deixar os meus olhos fecharem. 

  Perdendo todo o interesse em mim a Abby aproxima-se da Emily. Cheia de medo, a minha melhor amiga encolhe-se contra a parede, na tentativa de fugir da ex namorada do meu irmão. Infelizmente, e no tempo de um simples piscar de olhos, as mãos da rapariga agarram nos braços da ruiva, prendendo-a.

- O que é que tu vais fazer? - grito. Lutando contra todas as minhas forças lá me consigo levantar. Impulsiono-me contra a Abby para que ela se afaste da Emily, mas acabo por ser empurrada com força contra o chão. Ao cair bato com a cabeça na parede atrás de mim, deixando escapar um pequeno gemido de dor e leve a minha mão até à zona. 

  Quando volto a olhar para a Abby já é demasiado tarde. As suas bocas já estão coladas uma na outra e a Emily encontra-se completamente ofegante. A Abby está a roubar-lhe toda a sua energia. Por fim, quando os olhos da minha melhor amiga mal se aguentam abertos, e num movimento rápido, a Abby torce-lhe o pescoço, matando-a e impedindo assim que ela se transforme num Volk.

- Não! - grito com as lágrimas nos olhos. 

  O corpo da Emily cai inerte no chão e a Abby olha para mim, vitoriosa. Depois, move a sua cabeça para os lados, alongando o pescoço. O som dos seus ossos a estalar faz-se ouvir, mas ela não parece sentir dor, muito pelo contrário, parece que sente prazer com esta ação. 

  Isto é doentio... 

- Ora vamos ver... - começa, enquanto caminha até perto do corpo do Tom. - Já tratei de uma. O que será que vou fazer com este aqui?

- Não... - imploro e nego freneticamente com a cabeça.  - Não lhe faças mal, por favor.

  Volto a tentar levantar-me, mas não consigo. Parece que o meu corpo está colado ao chão, de maneira que sou forçada a assistir a isto tudo sem poder fazer nada. 

  Ela solta uma gargalhada maléfica.

- E porque não? Eu nunca gostei dele e não...

- Por fav...

  Não tenho tempo de continuar. De repente a Abby volta a fazer o mesmo que fez à Emily, mas, ao contrário da minha amiga, e por estar desmaiado, o rapaz não se mostra sufocado. É como se nada estivesse a acontecer.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now