Síndrome de Fornier

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           " Por isso, não espere que seja tarde demais para estar com quem você ama, viva como se fosse morrer hoje e aprenda como se fosse viver para sempre. Lembre-se de que o dia que conta é hoje, porque amanhã pode não existir."

                Fomos os três para o hospital eu e meus dois irmãos.  Quando chegamos lá, nos assustamos! Meu pai estava muito debilitado, aparentava estar sentindo muito dor, estava abatido e fisicamente muito parecido com meu avô quando estava internado. O que nos causou; muita aflição.
          Foi difícil vê - lo assim a angústia de uma cirurgia de emergência me atacava a ansiedade e os pensamentos negativos. 
        Diagnóstico: Síndrome de Fornier, e o que é isso?
        A síndrome de fornier é uma doença rara, provocada por uma infecção bacteriana que mata os tecidos, se não for diagnosticada rápidamente pode levar a pessoa a morte.
       No caso do meu pai a infecção estava muito alta. Antes da cirurgia o médico deixou claro os riscos de uma operação de emergência e enfatizou que no caso do meu pai era pior, porque a infecção estava muito avançada, ele nem sabia dizer porque meu pai ainda estava vivo e deixou claro que tudo poderia acontecer nesta operação.
       E como é a vida né? Frágil. De repente meu pai estava correndo risco de vida, eu nem acreditava que isso estava acontecendo.
      Ficamos nós três na sala de espera, aguardando a longa cirurgia. E pedindo a Deus que olhasse pelo nosso pai. A cirurgia durou cerca de 4 horas.
      Ao terminar meu pai foi para a UTI e tivemos que esperar quase duas horas para poder vê - lo.  Quando o vi me assustei, ele estava muito inchado, debilitado, ligado a fios, tubos e com bolsa da calostomia, seu intestino estava exposto e naquele momento eu nem entendia bem o que isso significaria. Mas ele também estava emocionado por estar vivo,  chorou assim que seus olhos viram seus três filhos ali, presentes.
     A vida é frágil; eu pensava.
     Deixei -o as seis horas da manhã e fui sem dormir para o trabalho, retorno dos meus alunos e saindo da escola eu voltaria para o hospital pois precisava de alguém da família para conversar com o médico às 14h.
     Antes e após a cirurgia conversei muito com a minha amiga Ninha que; além de rezar pelo meu pai,  me aconselhou a mandar uma mensagem para a minha psicóloga.
     Isso nem tinha passado pela minha mente, que era tão acostumada a passar pelas dores; sozinha. Eu não queria mandar, eu poderia passar  por essa situação, estava tudo bem comigo, no fundo era aquela exigência de ser forte e aquela voz me dizendo:Você não precisa de uma psicóloga.
     Eu disse para a Ivone que não ia mandar mensagem para a Patrícia porque havia mandado uma mensagem recentemente e ela não tinha me respondido, logo ela deve estar ocupada e não quero atrapalhar e outra na minha sessão eu conto tudo para ela, não há necessidade de falar, antes.

     - Agora é diferente Palloma, você está passando por uma situação delicada mande mensagem para a sua psicóloga.

    Eu não mandei, mas em alguns minutos a Patrícia me mandou uma mensagem desculpando - se  por não ter me respondido ainda e  eu fiquei enfurecida ao perceber que a Ninha havia falado com ela.
    Sem pensar muito já falei:

- A Ivone mandou mensagem para você né?

Ela não  respondeu nem que sim, nem que não o que já me fez ter certeza do que Ivone tinha feito.  A Patrícia me respondeu com uma perguntou: Por quê a Ivone mandaria uma mensagem para mim?

E eu respondi:

- Porque ela estava insistindo para que eu mandasse mensagem para você eu não mandei e você apareceu.

E ela perguntou:

- Por quê ela estava insistindo para que você me mandasse mensagem?

E aí eu comecei a contar.

- Meu pai fez uma cirurgia de emergência nesta madrugada e está na UTI.

E assim começamos a conversar eu lhe contei que estava a caminho do  hospital e que não havia dormido ainda. 

Por fim, ela perguntou porque eu não queria mandar mensagem para ela.

Raspondi que eu poderia lidar sozinha com a situação e que contaria para ela em nossa próxima sessão. E ela logo, identificou minha resistência.

A Patrícia foi super acolhedora, foi tranquilizante nossa conversa, no final,  ela disse - me que eu poderia contar sempre com ela, que estaria em oração pelo me pai e que gostaria de ter noticias.

Por fim, conservar com ela foi o que me distraiu e amenizou minha ansiedade na trajetória da escola até ao hospital.

Nós,  não precisamos passar pelas situações sós, não somos fracos por precisar, por permitir o apoio do outro. Não somos fracos, somos humanos.

E é tão bom ter companhia. Percebi que me fez muito bem falar, distrair a minha mente.

Ao chegar no hospital, agradeci a Patrícia pela conversa e  subi até  a UTI  para ver meu pai.

Enquanto aguardava para vê - lo.
Observei pontos importantes desta trajetória; antes de ir para a escola eu me alimentei; e isso é uma vitória.

Quando não estou  bem emocionalmente a primeira coisa que me foge é o apetite. Mas mesmo sem fome me alimentei porque sabia que era necessário.

Fiquei feliz por esse significante progresso e mais feliz por enxerga-lo. Mas, meu corpo pedia por  descanso.

Eu estava há 28 horas sem dormir, meu corpo estava cansado e minha mente exausta.  No hospital encontrei minha mãe; ela foi me acompanhar neste momento.

Quando minha mãe entrou para ver meu pai; logo ele chorou. Não sei o que se passou em sua mente, mas com certeza estava emocionado porque apesar de estarem separados, minha mãe estava ali para dar apoio.

Meu pai esteve perto da morte; mas não era o tempo dele. Muito ele ainda teria que aprender com essa situação, aliás todos nós. Mas, valorizar a vida, os momentos, a união eram as maiores lições.

O médico esclareceu muitas coisas; disse que novos exames tinham sido feitos e que meu pai estava fora de perigo.  Agora ele passaria por uma recuperação que seria delicada e ia depender muito do organismo dele.

Tranquila com todas as informações e grata por meu pai estar vivo fui para casa, tentar desligar minha cabeça.

Meu corpo estava cansado. Mas, minha mente, apesar de cansada, posso dizer que ainda estava bem agitada, cheia de questionamentos.

Afinal de contas, como será a vida do meu pai daqui para frente? Ficará debilitado?

E essa recuperação? Como será?  E os Riscos?

Ficará ele impossibilitado? Voltará a trabalhar? Quando?

E essa bolsa de calostomia? Como será viver assim com intestino exposto?

E mais... Quem cuidará do meu pai?
Essa estranha que não conhecemos?

Preocupações, preocupações e preocupações, como dormir assim?

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Gratidão por acompanhar antes e depois. Deixe sua estrela para iluminar meu dia. E seu comentário para me ajudar com a história.

Gratidão: Palloma Abreu ❤

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