Sombra & Luz ( Eixos)

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"A vida é um caminho de sombras e luzes. O importante é que se saiba vitalizar as sombras e aproveitar a luz."
Henri Bergson

Antes da minha mente compreender que tudo passa, que o sofrer é natural e essencial. Sofri muito com a minha ansiedade e os pensamentos negativos, acerca dessa situação com meu pai, e isso teve reflexo em minhas ações, eu estava extremamente irritada, estressada, impaciente no meu ambiente de trabalho e em casa. Estava novamente sem energia, sempre exausta.

Quando soube que meu pai teria que fazer novamente aquele mesmo procedimento cirúrgico, fiquei muito aflita, eu queria entender perfeitamente o que estava acontecendo com ele. Graças ao bom Deus, uma médica, talvez cansada dos meus questionamentos, sentou comigo e me explicou perfeitamente a situação do meu pai.
Os procedimentos eram para ajudar no processo de cicatrização. Meu pai tinha uma ferida exposta. Por onde a bactéria passou a pele ficou morta e precisou ser retirada. Os procedimentos eram para limpar e raspar a ferida para melhor cicatrização. Por ser este, um processo doloroso, necessitava ser feito no centro cirúrgico e com anestesia.
Então, meu pai fez mais uma vez esse procedimento, eu vivi aquela mesma angústia de ficar esperando.

Porém, dessa vez tinha um casal de senhores no quarto onde eu estava esperando meu pai, eles me pediram ajuda em algo no celular e assim me distrai muito conversando com eles o que me fez evitar uma crise intensa de ansiedade.

Dessa vez me adaptei melhor a situação, eu sabia que ia demorar. Esperei sem neuroses. Repeti várias vezes para a minha mente: Está tudo bem. É o mesmo procedimento. Vai dar tudo certo.

Até que meu pai chegou do procedimento. Debilitado, mas bem então eu estava tranquila. Uma semana depois, o médico anunciou a alta.
Sim, eu fiquei hiper feliz por isso, mas não consegui ficar em paz, novas preocupações me atormentavam. O médico deixou claro que o sucesso agora, dependeria dos cuidados que meu pai teria em casa. Que precisava cuidar bem, e que semanalmente esse teria acompanhamento médico.

Quem irá cuidar dele? Pensei.
Essa mulher que está com ele? Essa que nem conhecemos? Será que vai cuidar direito dele? E nós? Agora teremos que frequentar a casa deles ( que nunca tínhamos ido antes por sinal). Como será isso?

Eu estava perdendo o controle dessa situação. No hospital além dos médicos e enfermeiros eu sempre estava por perto. Mas e agora? Como será?
Eles moravam no mesmo bairro, a distância ajudava. Mas, essa nova realidade estava me tirando a paz.
Mas uma vez identifiquei a minha necessidade de querer ter o controle de tudo. Tentei me acalmar com os diálogos internos: Tá tudo bem, Paloma.
No dia da alta, eu assinei os papéis e fiquei com ele até que a mulher dele chegasse com o filho para busca-lo. Eu me despedi e fui trabalhar, tinha aulas à noite.

Será que essa mulher vai cuidar bem do meu pai?

Neste dia fiquei triste e preocupada. Meu pai não estaria mais totalmente aos meus cuidados; não sabia ainda como seria vê-lo em sua nova casa. E será, que essa mulher cuidará bem dele? Essa era a minha maior preocupação.

Observou que até aqui estou repetindo minha preocupação?

Porque na vida real, era exatamente assim, sempre pensando as mesmas coisas por muito tempo. Era terrível.

É um clico vicioso!

Uma preocupação só saía da minha mente, para entrar outra ou outras. Isso é torturante!

Estávamos em agosto, meu pai recebeu alta na sexta e domingo seria dia dos pais.

Meu irmão passou o sábado com ele. E quando falei com meus irmãos de irmos domingo visita-lo em sua casa e preparar alguma coisa para ele minha irmã logo se manifestou.
-Eu não vou na casa daquela mulher.
-Pamela precisamos ir, o pai não tem como se locomover.
-Eu não vou!
- Se o pai tivesse morrido,você hoje desejaria te - lo aqui, ainda que tivesse que ir na casa dessa mulher.

Antes e Depois Da TerapiaWhere stories live. Discover now