Capítulo XV - Prenúncio de Caos

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Bleix e Jain andavam pelos corredores sombrios do palácio de ferro sem trocar uma palavra. Seus passos ecoavam pelas paredes metálicas enquanto caminhavam para o setor Oeste até chegarem à entrada do departamento desejado.

Amora encostou a mão no painel leitor de digitais e com um estalido as portas se abriram exibindo um salão - que os saudou - apinhado de gavetas nas paredes brancas A purificadora prosseguiu sua caminhada até um teclado transparente com um visor que parecia flutuar no meio do salão.

- O que sugere, Tenente? - perguntou ela, como quem pede a opinião de um garçom sobre os vinhos da carta.

Jain estava tenso, os ombros tensionados apertando sua camisa social e rodas de suor embaixo do braço. O plano de derrubar a Mama ainda martelava em sua mente e a culpa pesava em suas costas.

- O LSD é uma boa opção para o caso de uma experiência mais espiritual - respondeu o professor, suando em bicas apesar do frio na sala.

- Esses tontos não tem ideia do que é uma "experiência espiritual", Primo. Eles acham que tem - A mulher revirou os olhos com escárnio, ainda observando o painel a sua frente - Precisamos de algo bem forte, como o GHB.

A purificadora não seria dobrada por sua inteligência tão facilmente.

- A notícia vai ganhar repercussão e desse vez não será como o caso do Havanna em que os paparazzo só investigaram os "epifanes". Ou seja, precisamos de convicção - Respondeu o Primo, rapidamente. Bleix pensou por alguns segundos, e com um sorriso disse:

- Está se saindo melhor que eu imaginava, senhor Jain. Poderíamos usar o NBOMe que forja as alucinações do LSD e é potencialmente perigoso - resmungou ela, passando as páginas digitais no visor do painel.

- É uma boa escolha - sussurrou o purificador ao mesmo tempo que uma gaveta se abria na parede á sua frente. Ele se aproximou e dentro desta haviam dezenas de cápsulas em cartelas prateadas.

- Encha a mão e vamos sair daqui antes que percebam o que estamos fazendo. Tenho acesso total, não quer dizer que posso sair com uma quantidade de contrabando - falou Amora, se aproximando apressadamente do tenente, pegando diversas cartelas de uma vez, enchendo os bolsos das roupas de ambos e as mãos enormes dele - Vamos logo!

Bleix fechou a gaveta e ambos seguiram para a porta metálica, rezando para que nenhum guarda que não estivesse envolvido os vissem.

- Meus Purificadores irão garantir que todos passarão pelo processo, então não adianta tentar nenhuma gracinha - inquiriu Amora, ao saírem da sala.

- Coronel, permissão para administrar uma dose de LSD para Fabian SanTiago. Vou estar presente e supervisionando a epifania - disse Jain em posição de sentido. Gotas de suor frio brotavam em sua testa franzida sob o olhar atento da militar.

Com os olhos semi serrados, esta confirmou:

- Concedida, porém, não me responsabilizo caso os agentes estranhem a divergência de substâncias - disse ela, tomando as cartelas prateadas das mãos do homenzarrão e se afastando - Me envie um relatório até o fim da noite.

Com um suspiro aliviado e uma vertigem, Primo seguiu correndo para casa, mandando a localização para Fabian pelo note.

O sol repousava por cima das colinas, colorindo o céu de cor salmão. As aulas acabaram, porém um figura solitária ainda se exercitava nas barras paralelas do ginásio. Seus movimentos eram graciosos e precisos, como se tivesse nascido pendurada no aparelho.

Ioana treinava arduamente todos os dias para entrar na faculdade de ginástica geral, em Kaillar. Antes ou depois das aulas, algumas horas precisavam ser dedicadas a sua atividade tão amada.

ElisiaWhere stories live. Discover now