Capítulo XVI - Depois da tempestade...

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Após algumas horas vendo e ouvindo coisas que achou ser uma epifania (a própria deusa lhe mandando uma mensagem), o rapaz acordou suado na cama com Primo, que dormia segurando sua mão e ainda com a roupa que o recebera. Os efeitos da droga ainda estavam ativos, porém muito mais fracos e Fabe ficou observando seu professor ressonar com os belos lábios semi abertos. Os cabelos do purificador pareciam ondular como se embaixo d'água e sua barba nunca estivera tão bonita.

A luz do sol crepuscular deu lugar às luzes artificiais da cidade, iluminavam o quarto de maneira sombria e ao mesmo tempo acolhedora. O lençol que Fabian estava enrolado era cheiroso e em nada parecia com a manta pesada que se cobria em casa.
Aliás, como chegara ali na cama?

Apertou a mão de Primo, que abriu os olhos rapidamente, alarmado. Ao ver as pupilas dilatadas de seu namorado, seu olhar relaxou com candura e pesar.

- Acho que... tive uma epifania - sussurrou Fabe.

Jain acariciou sua mão com o polegar. A situação partia seu coração, mas sabia que era o necessário pra salvar a vida do rapaz.

- Eu imaginei, mas fiquei do seu lado. Agora está tudo bem - disse Primo, com pesar - Eu vou estar aqui para te proteger de tudo. Você se mostrou de grande importância para mim essas semanas.

Fabian se surpreendeu com as palavras, mas estas o deixaram feliz, com uma sensação gostosa no peito.

- Você agora também é parte da minha vida.

O rapaz ainda se distraia com facilidade quando se sentaram pra jantar pasta ao pesto. Seu olhar vagava pela decoração da sala do namorado, absorvendo cada detalhe, desde o brilho dos jarros de flores até zumbido fraco emitido pelos aparelhos da cozinha. A massa parecia ter sido acrescida de algo que fazia suas papilas gustativas dançarem de tão gostosa, porém, mesmo com o sabor incrível e tendo se alimentado apenas de manhã, ele não sentia nem um pingo de fome. Então, apenas deu umas garfadas e pôs-se a admirar o homem muito bonito sentado ao seu lado, que parecia pintado à aquarela, com traços fortes mas ao mesmo tempo suaves. Fabian conseguia sentir um aroma de cashmere vindo dele e fazia questão de inspirar todo aquele perfume.

- Foi uma sensação muito estranha - começou Fabe - eu via coisas que pareciam reais... Mas que sei que não existem... Eu acho que falei com Ieowana! - ele sorria com o canto da boca e remexia o macarrão em seu prato.

Primo escutou com atenção. Encarava seu convidado como quem degusta uma sobremesa muito apetitosa, mas ainda com preocupação.

- O corpo dela era cosmos, poeira de estrelas e tudo no universo... Era tão lindo... e ela me mostrou flores com moedas e um coração destruído por um raio. O que será que quer dizer? - perguntou Fabe, confuso.

- Acho que devia descansar um pouco antes de tentar entender isso - ponderou Primo, segurando o pulso do rapaz com delicadeza. Ainda não era o momento de lhe dizer a verdade, somente quando seu trato com Amora entrasse em vigor. Até lá, ele rezava a Deusa que ninguém muito próximo ao rapaz morresse - para o seu próprio bem.

O toque caloroso fez Fabian querer se agarrar ao pescoço de Primo e enchê-lo de beijos, mas aguardou o momento oportuno.
O purificador também não perguntou porque o namorado não comera, o que este estranhou, mas deixou passar.

- Acho que é melhor eu ir para casa. A vó vai ficar preocupada - disse Fabe, levantando.da mesa e direção a sua mochila jogada no balcão da cozinha. Jain não podia levá-lo até a portaria então usaria sua credencial para o rapaz escapar pela escadaria de incêndio. Escondidos atrás da porta corta-fogo que dava para a rua, trocaram um último beijo tímido e seguraram as mãos com um sorriso cúmplice.

"Depois de quase 2 anos você me vem com 600 palavras, Pedro Henrique?"

Sim, more, é isso ou deixar empacado pra todo o sempre, amém. Vou ter que postar capítulo curto e depois juntar tudo num só porque senão nunca vou acabar meu filho mais velho aka essa história que vocês lêem.

Desculpa a demora e...
"Que a paz de Ieowan∆ esteja sempre convosco"

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