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(Meses depois)


-Quantas vezes você já ganhou? Seis? -Louis reclamou bufando e jogando todas cartas do jogo na minha frente, desistindo momentaneamente de ir contra mim. Eu não poderia ter culpa se eu nasci para competir e, principalmente, sempre ganhar. -Você deveria ser político.

-Por quê? -Perguntei rindo da revolta do perdedor e recolhendo de volta as cartas espalhadas pelo chão.

-Porque você está roubando! -Se ajeitou em cima da almofada que mal o cabia inteiro e cruzou os braços, me assistindo embaralhar as cartas. -Ou pior, você está roubando de mim, do seu namorado, isso faz de você uma pessoa horrível. Quando sai seu mandato para a presidência dos Estados Unidos?

-Eu precisaria falar mais merdas se eu quisesse ganhar essa eleição! -Entre a expressão fechada e impaciente do rapaz à frente, saiu um sorriso escondido e eu pedi mais uma vez para ele virar suas cartas e continuar a última partida.

Não calculei o tempo, apenas mentalmente, mas provavelmente aquela teria sido a partida mais rápida de todas as seis anteriores. Louis já queria desistir, entretanto, eu tenho certeza que seu último fio de esperança e orgulho gritava mais alto, convencendo-o de que ele poderia ganhar essa última partida e jogar na minha cara que ele estava me deixando vencer até então.

Seu orgulho não estava tão certo assim quando Louis descartou a única carta que eu precisava.

Senti tudo ficar em câmera lenta assim que meus olhos bateram naquela carta, como em um filme dramático, pareceu a lei da atração agindo tão rápido quando eu poderia pensar que agiria. Meus dedos apenas escorregaram na minha frente, resgatando-a e revelando que eu havia acabado de bater, finalizando a partida mais uma vez.

Louis não teve reação alguma, creio que todos seus neurônios já tinha sido gastos com sentimento da raiva até a tristeza e agora só restava a frustração.

-Você quer mais uma jogada? -Perguntei com todas as cartas em minhas mãos, olhando para ele e ele apenas levantou e se sentou no sofá do lado, fingindo que ninguém estava falando com ele.

-Por quê? Eu vou perder de novo. -Dramatizou mudando os canais rapidamente, sem ao menos perceber o que passava em um ou outro canal. Ele tinha razão, havia uma grande probabilidade disso acontecer, embora eu tenha negado e caído no charme dele mais uma vez.

-Olha o lado bom... -Guardei as cartas e fui em direção ao rapaz de braços cruzados e que não parecia dar a mínima para mim. Ele ficava charmoso quando estava com raiva.

-Qual?

-Você ganhou meu coração! -Me sentei ao seu lado e sorri largo para ele, apontando para o lado esquerdo do meu peito.

-Isso eu já tenho, eu queria ganhar a aposta. -Direcionou seu olhar para frente e eu fiquei, nada mais, nada menos que estático.

-Quando você ficou tão cruel? -Foi a única coisa que saiu da minha boca depois de alguns minutos, fazendo um pequeno sorriso se realçar em seus lábios.

-Quando eu ganhei seu coração! -Ele se levantou do sofá e provocou mais uma vez, até mesmo virando para trás para ver minha reação e indo em direção ao banheiro. Eu poderia ganhar nos jogos, porém, ele sempre ganharia na vida real e eu amava isso.

O som da torneira abrindo e da água descenso por toda sua extensão se tornou presente. Um dia de folga sempre caia essencialmente bem. Acordar tarde, assistir filmes embaixo de uma coberta fina e não se preocupar em se arrumar no horário. Fiz panquecas no almoço, com frutas e mel, nada fora do comum, no entanto, na correria do dia a dia, sempre acabamos optando para coisas mais rápidas e práticas.

Uncertain Call - (L.S)Where stories live. Discover now