Pedra Angular

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Notas:

Fiquei sabendo que tinha gente ansiosa pela atualização e não quero ninguém desapontado nessa quarta-feira rs.

No liminar entre estar acordando e efetivamente acordar, o inconsciente de Camila Cabello percebe que algo não ia bem.

Aos poucos, a mulher vai aderindo uma suave percepção sobre seu estado presente, mas ainda não consegue se lembrar o motivo daquela sensação de mal estar.

Podia nomear os sentimentos primários, sim... sentia-se tão desanimada.... angustiada, rancorosa... triste...

Frustrada.

Vagamente recordava-se de algo que havia ocupado um espaço de satisfação intensa mas que se associava agora a esses outros sentimentos.

Não tinha a ver com Sofi... não. Era outro tipo de preciosidade, a que havia sido abalada.

Podia sentir que o rumo de pensamentos sobre frustração estava deixando-a mais próxima de encontrar o problema, estava quase identificando...

National Gallery.

Sim...

Isso.

Se lembrara.

O retorno dessa consciência a afundou mais na cama...

Desejava se encolher e nunca mais sair para o mundo, nunca mais tentar nada.

Ela havia tentado voltar ao normal nos últimos dias, voltar à rotina... conhecer pessoas.

Mas em algumas manhãs, como na de hoje, parecia que regredia na empreitada...

E já se encontrava imaginando que poderia ver Sofi, sua família, Ally, Mani, quando a visitassem no quarto, de tempos em tempos...

Sofi.

Mais próxima da lucidez total, Camila busca agora identificar a outra sensação que surgira.

Lembra-se da irmã na viagem que fizeram para uma cidadezinha litorânea inglesa... haviam decido testar o bilhete em um passeio curto.

Não fizera muito sol, mas ela, por influência de seu lado britânico, acreditava que não estar congelando era condição suficiente para se tirar as camisetas do guarda-roupas e aproveitar o clima.

Sim... fizera um dia claro.

A névoa de que se recordava não era climática...

Na verdade, o que estava embaçado era sua presença.

Lembrava-se vagamente de fingir um sorriso para Sofi aqui e ali, tentando disfarçar o quão cansativo estava encontrando tudo. Não devia ter sido uma companhia muito boa...

Mas mesmo assim, acontecera.

Sim...

Sofi sorrira lindamente enquanto viajavam.

Não se lembrava muito do passeio, mas aquela imagem havia a despertado do torpor.

Era um sorriso completo, daqueles que davam a certeza de que até os pezinhos da sua portadora o reverberavam.

Um sorriso de encantamento pelo novo, pelas sensações sendo descobertas, pelo contato com o mundo. Era representação magnânima de um jato de curiosidade renovada pela vida.

Acontecera quando a menina testemunhara uma garça cinzenta capturar um peixe na costa... a pequena havia soltado um gritinho de surpresa com a cena, apontado para a irmã mais velha o espetáculo identificado e, logo em seguida, revelado aquele sorriso...

Modulação PolicromáticaWhere stories live. Discover now