Mi persona favorita

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Ela definitivamente havia encarado a boca de Lauren Jauregui.

Não se sentia tão exposta desde o dia...

Desde o dia em que seu pai lhe surpreendera explorando a juventude com a vizinha.

Na verdade, não sabia quem havia sido mais surpreendido.

Ele parecia ter tanta certeza de que seu interesse naquela época estava numa colega de sala.

Não desconfiara das madeixas loiras cuidadosamente hidratadas e dos vestidos de paleta impressionista da casa ao lado.

Primeira lição para Alejandro Cabello: o arco íris não tem um arquétipo.

Naquele sofá, ele surgira na forma de uma pianista adolescente que conhecia 146 cores de esmaltes de unha...

A abordagem de Sinue à situação havia sido um pouco diferente...

Ficara igualmente chocada sobre a descoberta, mas quando Camila depois tentava lhe explicar sobre a artificialidade dos esteriótipos, ela a interrompera.

Nunca se esqueceria a frase que seguira.

‘Minha filha, eu já sabia que Isabelle era gay e que você gostava dela. O que me deixou surpresa foi você ter tido sucesso na empreitada’.

Aquilo havia beirado ao ofensivo.

Só porque ela era ainda mais estranha e um pouco menos vaidosa...

Que equivocado.

Primeira lição para Sinue Cabello: a atração funciona de formas incompreensíveis.

E beleza estética e adequação social nem sempre são os fatores preponderantes.

O resultado disso havia sido uma bela introdução de Camila às maravilhas da fisicalidade.

Naquele dia, ela, que era tão apegada ao abstrato, aprendera as vantagens do mundo corpóreo.

Mas qual o motivo dela ter começado esse devaneio mesmo...?

Ah sim.

A boca de Lauren Jauregui.

Okay...

Não era tão ruim a situação.

O batom dela poderia estar borrado.

Ela era restauradora.

Completamente normal reparar nesse tipo de detalhe.

Um verdadeiro instinto profissional.

Um sexto sentido para detectar cores em necessidade de retoque.

Uma visão apurada para identificar quebra de padrões cromáticos.

Motivo muito razoável, convincente até.

Esplêndido.

...

Uma pena que Jauregui não estava usando batom aquele dia.

Ela realmente não cooperava em nada.

Como é que o Dale Carnegie havia dito?

'Uma pessoa geralmente tem dois motivos para fazer algo: um motivo bom e o motivo verdadeiro'

[A person usually has two reasons for doing something: a good reason and the real reason]

Ela só precisava de um motivo bom, caso a outra perguntasse.

Talvez um resquício de comida?

Gota de água?

Sim, Camila.

Modulação PolicromáticaWhere stories live. Discover now