Quatro

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(A música do capítulo é For The First Time – The Script e recomendo colocar pra tocar quando a letra aparecer)

Na segunda-feira de manhã, a mente de Olivia parecia um trem desgovernado. A primeira coisa que fez ao chegar em seu escritório, foi encher uma xícara gigante de café. Entre indesejáveis cumprimentos de bom dia pelo caminho, abriu um sorriso discreto ao ver Meg. Sua vida era tão inacreditável que, além de tudo, ainda tinha que lidar com a secretária mais atrapalhada que já vira na vida.

– Bom dia, Meg. – Os olhos azuis da menina se voltaram para Olivia com rapidez através dos óculos e um sorriso largo tomou seu rosto.

– Bom dia, Srta. Olivia.

– Como estão indo as coisas? Marcou as entrevistas que pedi? – Liv continuou, andando com a menina em seu encalço.

– Não encontrei nenhum fotógrafo disponível em nosso banco de dados. – Meg disse baixinho. Liv parou em frente a porta fechada de sua sala.

– Meg, preciso de um. E preciso rápido. Pode se dedicar somente a isso hoje?

– Pode deixar. – Olivia observou a menina sair apressada e, ao adentrar a sala, quase deixou o recipiente de café quente cair aos seus pés. Ver Penelope girando em sua cadeira não era o que esperava encontrar.

– Você. Precisa. Parar. Com. Isso. – Disse pausadamente enquanto se recuperava do susto e sentia o coração desacelerar.

– O que foi? Não desenvolvi a habilidade da telepatia. Não é como se eu pudesse avisar quando vou aparecer, então acostume-se. – Penelope respondeu, divertida, enquanto observava a amiga trancar a porta rapidamente e fechar algumas cortinas, provavelmente com medo de parecer completamente louca.

– Que tal marcarmos horários? Assim você me poupa de um ataque cardíaco.

A expressão emburrada de Penelope quando se sentia injustiçada - o que ocorria com frequência - era uma das coisas favoritas de Olivia.

– Sums faz a mesma carinha quando é contrariada. – Concluiu, jogando o corpo em sua cadeira alta e confortável.

Um sorriso iluminou o rosto de Penny, que depois pigarreou.

– Então, você está precisando de um fotógrafo?

– Sim, já faz um tempo que Andre me pediu para contratar um. Precisamos renovar nossos catálogos com urgência, mas Meg não conseguiu agendar nenhuma entrevista até agora. E nem pense em...

– Por que não chama logo o Ian? – Penny interrompeu, sabendo que era disso que a amiga ia falar. Liv segurou uma risada histérica. Não que não reconhecesse o talento de Ian, pois seu amor pela fotografia era indiscutível. Também não era como se já não tivesse cogitado essa ideia e a descartado no mesmo instante, logo após lembrar o quão inviável era a possibilidade de deixar seu orgulho de lado e ter que olhar para a cara dele durante oito horas por dia, de segunda a sexta. Entretanto, insistia em afirmar para si mesma que não era apenas birra. Mas talvez fosse um pouco disso. Ou talvez fosse totalmente isso.

– Porque não. – Respondeu simplesmente, tentando a todo custo dar um fim naquele assunto.

– Você poderia, por favor, parar de agir como se tivesse cinco anos de idade? – Olivia permaneceu com a expressão impassível. Por dentro, seu coração já começava a apertar. Sabia que pela frente viriam palavras duras.

– Olivia, Ian precisa de um emprego fixo. Assim como você, ele tem uma filha pra criar. Não dá pra continuar vivendo de freela, né? – Ela esperou para ver se Olivia concordaria, mas rolou os olhos ao vê-la fazer uma careta. Sabia no que ela estava pensando. – Sim, ele tem dinheiro. Bastante, inclusive. – Ela fez uma pausa. – Mas, independente disso, você sabe que ele merece essa oportunidade.

Pedaços do CéuWhere stories live. Discover now