Oito

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– Até quando você vai fingir que não está chateada? – Ian jogou sua bolinha de massagear as mãos em Olivia, que estava sentada do outro lado da grande mesa que ficava no centro da sala de reuniões.

– Até quando você vai me encher o saco com isso? – Pegou a bolinha no ar e a jogou de volta com certa violência, acertando em cheio o nariz dele. Sorriu ao vê-lo colocar a palma da mão sobre o rosto.

– Isso doeu, ok? – Ian estava com as feições contorcidas em uma leve careta quando a viu dar de ombros.

– Sim, ela está chateada. – Penelope surgiu em uma das cadeiras e os dois pularam em seus lugares.

– Eu já não disse pra você não fazer isso? – Olivia ralhou irritada, enquanto Ian se recuperava do susto.

– Disse. – Penny respondeu. – Mas eu não me importo com o que vocês querem.

– Penelope assume ser uma assombração sem sentimentos e choca um total de zero pessoas. – Ian comentou em um sussurro, mas o anjo em questão se limitou a rolar os olhos.

– Liv, você precisa falar sobre isso. Ian tem razão. Tudo bem você ficar incomodada com o que aconteceu. – Ela voltou ao assunto e Olivia cruzou os braços, impaciente como uma criança.

– Eu não estou chateada, nem triste, nem incomodada. Uma hora ela vai falar. – Liv suspirou e desviou o olhar do rosto inquisitivo de Penelope. – Eu fico feliz que a primeira palavra dela tenha sido o seu nome, você é a mãe dela, não eu. – Ela fez uma pausa. – Eu sou apenas uma substituta.  – Terminou com um sussurro e, assim que ouviu o que disse, se amaldiçoou mentalmente por ter soado mais dramática do que gostaria.

Ian e Penelope a observavam entediados, apenas esperando que ela explodisse como uma panela de pressão. Mas ela não o faria. Não o faria porque não havia motivos para tal – era o que dizia a si mesma.

Summer havia dito "Penny" antes de "mamãe" e estava tudo bem. Aquilo não mudava nada. Eventualmente ela acabaria falando e essa certeza deveria bastar para acalmar o coração inquieto de Olivia. Ela tentava se agarrar com todas as forças ao lado racional de seu cérebro porque toda vez que se lembrava da noite que antecedeu os dois últimos dias, sentia o estômago comprimir até virar um grão de areia.

– Liv, vamos lá. Você é a pessoa mais ciumenta que eu conheço. – Penny continuou cutucando, enquanto Ian permanecia calado, sem saber muito bem onde se encaixava no diálogo. É claro que queria ouvir Summer chamá-lo de pai, mas não havia criado tanta expectativa em cima disso como Olivia, que passou meses idealizando o momento. O momento em que Summer finalmente a chamaria de mãe.

Ele sentiu uma fisgada na garganta ao ouvi-la dizer que era apenas uma substituta, não gostava de saber que ela se sentia como uma intrusa.

– Eu não sou ciumenta. – Disse, ultrajada.

Os dois a olharam de canto.

– Ok, talvez eu seja um pouco ciumenta. – Acrescentou, um tanto despreocupada. – Mas não nesse caso. Não tenho porque ter ciúmes de Summer com você, Penelope. Por favor, me deixem em paz com isso. – Olivia implorou e a amiga decidiu que não tocaria mais no assunto. Por enquanto.

– Ah, aí estão vocês. – Andre abriu a porta da sala com um sorriso no rosto. Ian e Olivia se ajeitaram em suas cadeiras, olhando de relance para o elemento cósmico – novo apelido que Ian havia dado para Penelope – presente no cômodo.

– Desculpem o atraso, estava em uma ligação importante. – Ambos apenas assentiram com pequenos sorrisos. Meg, Phill – sócio de Andre, também conhecido como CFO da empresa – e mais duas assistentes, Karla e Jackie, entraram na sala logo em seguida e se espalharam pelas cadeiras ao redor da mesa. Todos conversavam enquanto Andre abria a apresentação em seu computador.

Pedaços do CéuWhere stories live. Discover now