Treze

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Algo estava errado.

Olivia sabia disso desde o momento em que, há uma semana, Cory batera em sua porta com um buquê de peônias.

Era lindo. Se você digitar "peônias" na busca do Google vai encontrar uma infinidade de matérias sobre "o buquê dos sonhos", "a flor mais desejada pelas noivas", etc. Também pode, facilmente, descobrir que é muito, muito difícil encontrar peônias na Europa. Logo, levou mais ou menos vinte segundos para Olivia se questionar por que raios Cory se esforçaria tanto para encontrar suas flores favoritas por nenhum motivo aparente, visto que, com certeza, aquilo não era um pedido de casamento.

Dois dias depois das peônias, Ian passou a deixar um copo de café com creme e caramelo em cima de sua mesa — e de Meg — pela manhã. Todos. Os. Dias.

No primeiro momento achou legal da parte dele. Uma gentileza.

Mas Ian não lhe fazia gentilezas. O vinco da estranheza aumentou. Por que raios Ian estava tentando lhe agradar com café e Cory com peônias?

A certeza de que tudo aquilo era uma história mal contada veio na noite anterior, quando, ao colocar Summer para dormir, Olivia se deu conta de que há sete dias não via Penelope. Nem um rastro sequer. E quando aquilo acontecia era porque, de fato, algo estava terrivelmente errado.

Estava indo ao encontro de Ella quando seu celular vibrou com o nome de Cory na tela de mensagens. Sorriu. Estava pensando em uma estratégia de como arrancar de um dos três o que quer que fosse que estavam escondendo dela, mas não precisou de muito para lembrar que Evans era um péssimo mentiroso.

Cory: Tentou me ligar?

Olivia: Jantar hoje. Minha casa. Às 20h. Só eu e você.

Cory: Nossa, que direta. Está flertando comigo?

Olivia: Não seja imbecil. É mais fácil eu flertar com April.

Cory: Droga. Comida chinesa?

Olivia: Com certeza.

Cory: Estarei lá. Pela comida, você sabe.

Olivia: Também te amo, gracinha.

~*~

Ella acenou animada quando viu Liv entrar no restaurante.

— Finalmente um dia de folga! — A amiga comemorou e Olivia jogou as mãos para o céu em um agradecimento silencioso.

— Nem me fale. Gostaria de dizer que não é sempre essa correria, mas...

— Te conhecendo, posso afimar que sim. É sempre essa correria.

— Não tem muito como ser diferente. — Olivia deu de ombros.

— Será? — Ella aproveitou para alfinetar e ganhou um olhar semi-cerrado.

— Não comece. Como está Ivete?

— Bem. — A cópia feminina de Ian ajeitou a coluna, desconfortável. — Tivemos uma discussão, eu acho.

— Você acha?

— É, bem, a gente não briga muito.

— Sério? — Olivia ficou mais surpresa do que gostaria. Era difícil para ela imaginar que um relacionamento tão longo pudesse ser genuinamente saudável.

— Você parece chocada.

— É só que... vocês estão juntas há tanto tempo. Todo mundo fala que...

Pedaços do CéuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora