O celular de Ian tocava insistentemente na cabeceira da cama e ele jurou para si mesmo que a pessoa que estivesse o incomodando naquele horário teria uma morte lenta e dolorosa. Após uma longa semana tentando vencer a insônia, pensou que fosse ter um pouquinho de paz ao desativar o despertador na noite anterior. Claramente, ele estava errado.
– Me dê um único motivo para ouvir a sua voz às oito da manhã num sábado. – Grunhiu ao atender, após ter aberto apenas um olho para ler o nome de Cory no visor. Ele poderia facilmente ganhar o prêmio de inconveniente do ano.
– Bom dia pra você também, amigão. E, sim, tenho um ótimo motivo para acordar a Rapunzel estressadinha.
– Acho que você quis dizer Bela Adormecida, Evans.
– Isso, tanto faz. – O homem fez um barulho esquisito do outro lado da linha e Ian esperou. – Hoje é aniversário da April.
– Parabéns pra ela. – Ian respondeu, ainda sonolento.
– Tô falando sério, eu...
– Tá bom, cara, a gente compra um bolo na padaria e canta parabéns assim que ela chegar do hospital, tá? Boa noite.
– Não ouse desligar na minha cara, seu imbecil. Me ouve. – Ian abriu os olhos de vez, completamente irritado. – Eu aluguei um salão de festas.
– Ah, não. Você vai dar uma festa daquelas bem espalhafatosas que ela odeia, não é?
– Não vai ser espalhafatosa. De onde você tirou essa palavra? Eu nem sabia que você tinha um vocabulário tão extenso.
– Há-há. – Ele fingiu se divertir com o comentário.
– Vai ser algo bem simples, apenas para pessoas próximas. – Cory continuou, um pouco afetado. – Talvez eu tenha contratado um DJ.
– Isso vai dar tão errado...
– Você pode me apoiar? Tô tentando ser um bom namorado aqui.
– Evans, a April odeia chamar atenção. Até eu seria um namorado melhor que você e não a faria passar por isso.
– Penelope não concordaria.
Automaticamente, Cory se arrependeu do que tinha dito. Foi o que Ian constatou ao ouvir a respiração acelerada do amigo através dos chiados altos que o telefone passou a emitir.
– Longe demais?
– Quase chegou na Patagônia.
– Desculpe.
– Tudo bem, de qualquer forma você está certo. – Respondeu e sorriu de canto. – Desembucha, para que você precisa de mim?
– Preciso que me ajude com a decoração.
Apesar do sono, Ian riu alto.
– Você só pode estar de brincadeira.
– É coisa simples, eu juro. E Olivia não está disponível, então só me resta você.
– Nossa, você está me animando cada vez mais.
Cory o ignorou.
– Te mandei o endereço por mensagem. Esteja aqui em meia hora. – Desligou sem dar nenhuma chance de resposta para o amigo, que apenas bufou antes de se jogar para trás e bater com as costas no colchão novamente. Talvez se dormisse só mais cinco minutos...
~*~
Uma hora e quarenta minutos depois, Ian concluiu que Cory não entendia muito bem o conceito de simplicidade.
ESTÁ A LER
Pedaços do Céu
FantasyPenelope tinha vinte e sete anos quando morreu em um acidente de carro. Não foi muito dramático, no entanto. Quando viu, tava lá, mortinha! Estava grávida de Summer, uma linda menina que nasceu como um milagre e foi diretamente para os braços de Oli...