Sete

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O celular de Ian tocava insistentemente na cabeceira da cama e ele jurou para si mesmo que a pessoa que estivesse o incomodando naquele horário teria uma morte lenta e dolorosa. Após uma longa semana tentando vencer a insônia, pensou que fosse ter um pouquinho de paz ao desativar o despertador na noite anterior. Claramente, ele estava errado.

– Me dê um único motivo para ouvir a sua voz às oito da manhã num sábado. – Grunhiu ao atender, após ter aberto apenas um olho para ler o nome de Cory no visor. Ele poderia facilmente ganhar o prêmio de inconveniente do ano.

– Bom dia pra você também, amigão. E, sim, tenho um ótimo motivo para acordar a Rapunzel estressadinha.

– Acho que você quis dizer Bela Adormecida, Evans.

– Isso, tanto faz. – O homem fez um barulho esquisito do outro lado da linha e Ian esperou. – Hoje é aniversário da April.

– Parabéns pra ela. – Ian respondeu, ainda sonolento.

– Tô falando sério, eu...

– Tá bom, cara, a gente compra um bolo na padaria e canta parabéns assim que ela chegar do hospital, tá? Boa noite.

– Não ouse desligar na minha cara, seu imbecil. Me ouve. – Ian abriu os olhos de vez, completamente irritado. – Eu aluguei um salão de festas.

– Ah, não. Você vai dar uma festa daquelas bem espalhafatosas que ela odeia, não é?

– Não vai ser espalhafatosa. De onde você tirou essa palavra? Eu nem sabia que você tinha um vocabulário tão extenso.

– Há-há. – Ele fingiu se divertir com o comentário.

– Vai ser algo bem simples, apenas para pessoas próximas. – Cory continuou, um pouco afetado. – Talvez eu tenha contratado um DJ.

– Isso vai dar tão errado...

– Você pode me apoiar? Tô tentando ser um bom namorado aqui.

– Evans, a April odeia chamar atenção. Até eu seria um namorado melhor que você e não a faria passar por isso.

– Penelope não concordaria.

Automaticamente, Cory se arrependeu do que tinha dito. Foi o que Ian constatou ao ouvir a respiração acelerada do amigo através dos chiados altos que o telefone passou a emitir.

– Longe demais?

– Quase chegou na Patagônia.

– Desculpe.

– Tudo bem, de qualquer forma você está certo. – Respondeu e sorriu de canto. – Desembucha, para que você precisa de mim?

– Preciso que me ajude com a decoração.

Apesar do sono, Ian riu alto.

– Você só pode estar de brincadeira.

– É coisa simples, eu juro. E Olivia não está disponível, então só me resta você.

– Nossa, você está me animando cada vez mais.

Cory o ignorou.

– Te mandei o endereço por mensagem. Esteja aqui em meia hora. – Desligou sem dar nenhuma chance de resposta para o amigo, que apenas bufou antes de se jogar para trás e bater com as costas no colchão novamente. Talvez se dormisse só mais cinco minutos...

~*~

Uma hora e quarenta minutos depois, Ian concluiu que Cory não entendia muito bem o conceito de simplicidade.

Pedaços do CéuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora