Cinco

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Doze anos atrás

A garrafa de vodka não pesava mais em sua mão esquerda, mas Olivia não sabia dizer se era porque não havia mais nenhum líquido dentro dela ou se era apenas o efeito entorpecente da quantidade de álcool que corria em seu sangue. Fosse o que fosse, quanto mais subia aqueles degraus, mais vontade ela sentia de rir. Era engraçado o jeito como suas pernas tremiam levemente a cada passo e a sensação boa que era ter as mãos de Jason ao redor da sua cintura.

– Pare de rir e anda direito ou você vai cair. – Ele repetia pela décima vez em menos de cinco minutos.

Quando finalmente chegaram ao corredor que dava para os quartos, a garota se virou para ele e sorriu, falando enrolado:

– Você não me deixaria cair. – Ele a acompanhou em uma risada baixa e logo se apossou de seus lábios, com uma pressa que até então não havia se pronunciado. Olivia se deixou levar pelos beijos, que ora desciam pelo seu pescoço, mas logo retomavam sua boca. Estava encostada na parede, tentando pensar em qual quarto poderiam entrar quando o afastou com uma mão, da maneira mais delicada que pôde, e, com a outra, levou a garrafa de volta à boca, até sentir as últimas gotas da vodka queimarem sua garganta.

– Acabou! – falou fazendo bico. – Vamos pegar mais?

Jason balançou a cabeça negativamente, fazendo seus cabelos caírem levemente sobre seus olhos castanhos.

– Sem mais vodka, agora só precisamos de um quarto. – A voz dele soou desejosa e instigante, como se nada no mundo importasse mais. Ela assentiu freneticamente e o seguiu em passos tortos, enquanto ele a puxava pela mão. Jason girou a maçaneta de uma das portas e ela logo pôde ver a grande e espaçosa cama coberta com uma colcha azul escura e três travesseiros jogados por cima. Não teve tempo de olhar em volta para decifrar de quem era o quarto, porque no instante seguinte já estava deitada entre os travesseiros e Jason se desfazia de sua camisa branca.

As roupas começaram a se espalhar pelo chão e o calor estava quase insuportável quando, de repente, o rosto de Jason não era mais o rosto de Jason e tudo que seus olhos viam eram borrões, como se uma agitação muito próxima a ela estivesse acontecendo. Novamente sentiu vontade de rir. Riu como se estivesse vendo um filme de comédia e só parou quando sua cabeça doeu ao ouvir um grito.

– O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? ­– Liv focou na voz enfurecida, mas não conseguia entender porque Jason estava se vestindo de qualquer jeito e nem porque saiu do quarto em uma velocidade furiosa. Girou a cabeça com os olhos fechados, impedindo sua visão de ficar ainda mais turva e tentando focar em algum resquício de sobriedade. Quando os abriu novamente, Ian estava parado logo ali. Ele estava em sua frente, com os braços cruzados sobre o peitoral e as narinas inflando a cada respiração. Alguém estava puto.

– O que você fez? ­– Ela perguntou baixinho, mas ao mesmo tempo desesperada por estar seminua em sua frente. Puxou dois travesseiros que estavam ao seu lado e tentou se cobrir o máximo que pôde, esperando uma resposta num tom que não fizesse sua cabeça doer.

– O que EU fiz? Olha só pra você! – Ele parecia indignado. – Entro no meu quarto e encontro você bêbada e quase sem roupa na MINHA CAMA com aquele idiota! Perdeu o juízo?

Olivia bufou, sem a mínima vontade de responder e se jogou para trás, caindo deitada na cama novamente.

– Desde quando você é meu pai? Eu estava me divertindo. –­ Riu sem humor, fechando os olhos e sentindo o peso das próprias pálpebras.

– Não ouse dormir na minha cama, Olivia. Se você vomitar, vou te chutar daí. – Ela fingiu que não estava mais ouvindo, mas ele continuou resmungando. –­ Logo esse fim de semana que todo mundo resolveu viajar. E ainda é sexta-feira! Não vou te aguentar até domingo. Sem chances. Você vai ficar com o Cory.

Pedaços do CéuTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon