Dez anos atrás
— Você não vai acreditar! — Penelope se jogou no colo de Ian, que estava confortavelmente acomodado no grande sofá da casa de seus pais.
— Devo ter medo? — Ele perguntou, enterrando o rosto no pescoço da namorada.
— Não! Adivinhe. — Penny o encarou, sorridente.
— Você ganhou na loteria? — Ian chutou.
Ela negou com a cabeça.
— Acredite, o que tenho pra te contar é ainda mais surpreendente que isso.
Ian arqueou as sobrancelhas e perguntou, esperançoso:
— Cory parou de tentar roer as unhas do próprio pé?
— Essa foi ótima e tenho fé que estaremos vivos para ver isso acontecer. — Penny fez uma careta. — Mas não, não é isso.
— Desembucha, Penelope.
— Ok, lá vai. — Ela se virou rapidamente e passou uma perna de cada lado da cintura dele, de modo que pudessem se encarar. Envolveu seu pescoço com os braços e lhe deu um selinho rápido antes de comemorar:
— Olivia está namorando.
~*~
— Daqui a pouco você vai ser diagnosticada com escoliose. — Penelope falou de repente — para variar —, assustando Olivia, que estava parada diante da parede de vidro de sua sala, observando minuciosamente cada passo de Ian. Naquele dia, especificamente, ele parecia ainda mais bonito.
A roupa era desleixada como sempre, mas seus jeans escuros estavam impecáveis, e por baixo do suéter cinza Liv conseguia ver, mesmo que minimamente, a barra de sua camiseta branca.
— Escoliose? — Ela respondeu a amiga, sem fazer questão alguma de virar o corpo em sua direção. Não precisava mais disfarçar.
— Sim, de tanto carregar essa culpa nas costas. — Penny completou e Olivia moveu os calcanhares de forma lenta, enquanto dava de ombros.
— O que está feito, está feito. Se ele não quiser falar comigo nunca mais o problema não é meu.
— É problema seu, sim. Summer não tem nada a ver com isso e você não pensou nela quando deu uma de Regina George sem coração pra cima dele. — Por falta de argumentos, Liv permaneceu em silêncio.
Já haviam se passado 4 dias.
96 horas.
5.760 minutos sem que Ian dirigisse uma única palavra a ela.
— Um pedido de desculpas, Olivia. É a única coisa que vai aliviar isso que você está sentindo.
— Eu não quero.
— Não quer o quê? Falar com ele? Dar o primeiro passo? Pedir desculpas? Admitir que passou dos limites?
Olivia fechou a cara.
— Todas as alternativas.
— Eu não sei como você faz isso. — Penny curvou-se sobre a mesa coberta de projetos.
— Isso o quê?
— Isso de ser tão sensata e racional para algumas coisas e tão infantil e imatura para outras.
A mulher escorada na parede abriu e fechou a boca algumas vezes.
— Recado dado.
Penelope já não estava mais ali quando Olivia respirou fundo e saiu de sua sala, decidida a tentar conversar com o rapaz que trocava sorrisos com Karla na mesa dos fundos. Antes que pudesse se aproximar, no entanto, foi interrompida por uma voz urgente e autoritária atrás de si.
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Pedaços do Céu
FantasyPenelope tinha vinte e sete anos quando morreu em um acidente de carro. Não foi muito dramático, no entanto. Quando viu, tava lá, mortinha! Estava grávida de Summer, uma linda menina que nasceu como um milagre e foi diretamente para os braços de Oli...