Nove

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Dez anos atrás

— Você não vai acreditar! — Penelope se jogou no colo de Ian, que estava confortavelmente acomodado no grande sofá da casa de seus pais.

— Devo ter medo? — Ele perguntou, enterrando o rosto no pescoço da namorada.

— Não! Adivinhe. — Penny o encarou, sorridente.

— Você ganhou na loteria? — Ian chutou.

Ela negou com a cabeça.

— Acredite, o que tenho pra te contar é ainda mais surpreendente que isso.

Ian arqueou as sobrancelhas e perguntou, esperançoso:

— Cory parou de tentar roer as unhas do próprio pé?

— Essa foi ótima e tenho fé que estaremos vivos para ver isso acontecer. — Penny fez uma careta. — Mas não, não é isso.

— Desembucha, Penelope.

— Ok, lá vai. — Ela se virou rapidamente e passou uma perna de cada lado da cintura dele, de modo que pudessem se encarar. Envolveu seu pescoço com os braços e lhe deu um selinho rápido antes de comemorar:

— Olivia está namorando.

~*~

— Daqui a pouco você vai ser diagnosticada com escoliose. — Penelope falou de repente — para variar —, assustando Olivia, que estava parada diante da parede de vidro de sua sala, observando minuciosamente cada passo de Ian. Naquele dia, especificamente, ele parecia ainda mais bonito.

A roupa era desleixada como sempre, mas seus jeans escuros estavam impecáveis, e por baixo do suéter cinza Liv conseguia ver, mesmo que minimamente, a barra de sua camiseta branca.

— Escoliose? — Ela respondeu a amiga, sem fazer questão alguma de virar o corpo em sua direção. Não precisava mais disfarçar.

— Sim, de tanto carregar essa culpa nas costas. — Penny completou e Olivia moveu os calcanhares de forma lenta, enquanto dava de ombros.

— O que está feito, está feito. Se ele não quiser falar comigo nunca mais o problema não é meu.

— É problema seu, sim. Summer não tem nada a ver com isso e você não pensou nela quando deu uma de Regina George sem coração pra cima dele. — Por falta de argumentos, Liv permaneceu em silêncio.

Já haviam se passado 4 dias.

96 horas.

5.760 minutos sem que Ian dirigisse uma única palavra a ela.

— Um pedido de desculpas, Olivia. É a única coisa que vai aliviar isso que você está sentindo.

— Eu não quero.

— Não quer o quê? Falar com ele? Dar o primeiro passo? Pedir desculpas? Admitir que passou dos limites?

Olivia fechou a cara.

— Todas as alternativas.

— Eu não sei como você faz isso. — Penny curvou-se sobre a mesa coberta de projetos.

— Isso o quê?

— Isso de ser tão sensata e racional para algumas coisas e tão infantil e imatura para outras.

A mulher escorada na parede abriu e fechou a boca algumas vezes.

— Recado dado.

Penelope já não estava mais ali quando Olivia respirou fundo e saiu de sua sala, decidida a tentar conversar com o rapaz que trocava sorrisos com Karla na mesa dos fundos. Antes que pudesse se aproximar, no entanto, foi interrompida por uma voz urgente e autoritária atrás de si.

Pedaços do CéuWhere stories live. Discover now