11. Ombros

190 20 122
                                    

"You go outside dressed like that
You knew what was going to happen didn't you
You talk to me like that
You knew I was slowly falling in love with you"

Little Green Cars - The John Wayne

11 de agosto de 1999.
Duck, Carolina do Norte.
Taylor.

Os ossos do meu rosto continuavam doendo. Nunca pensei que Nathan, aquele imbecil roliço, conseguisse bater tão forte.

Minha cara inteira ainda latejava, estava com o olho roxo, e só não tinha ficado de castigo porque minha mãe não tinha mais as manhas de fazer isso comigo. Tudo isso e só o que eu conseguia pensar era em como seria encostar minha boca no ombro da Bree.

Só imaginava isso. Estava obcecado pelos ombros dela nos últimos dias. Verdade seja dita já pensava nisso desde o ano anterior, depois que nos beijamos. A Bree usava muitas blusas de alças finas e blusas sem alça nenhuma também. A figura dela era uma coisa fascinante. E muito devia ser por causa daqueles ombros bonitos que ela tinha.

Era provavelmente isso que eu estava fantasiando assim que a vi se aproximar com o Ike e notei que além de bonita, ela tinha ficado morena. Tinha tomado sol na França, a garota. A cagada era que ela tinha se bronzeado e arranjado um namorado. Sim, eu sabia. Isaac tinha me contado.

A equação foi a seguinte: um beijo bom e nenhum outro que se comparasse a ele, mais o fato de ela ter ido viajar e eu só pensar em como seria se ela estivesse em Duck, mais essa palhaçada de romance francês, mais o cretino do Nate chamando ela de gostosa no momento que ela apareceu toda dourada com os ombros de fora.

Tomar no cu.

Ele mereceu a porrada que levou e devia ter tomado outra, isso sim. Teria dado, inclusive, se o Ike não tivesse entrado no meio e se a Bree não tivesse com cara de que ia vomitar. Porque, claro, ela era a Miss Certinha. Que infelicidade essa obsessão com essa menina, meu Deus.

Mas eu tinha tomado uma decisão. Eu tinha. Era provavelmente uma bosta de decisão que ia acabar em uma merda irreversível, mas era o que eu precisava fazer. Estava entrando em parafuso.

Bree ia embora no dia seguinte, e eu ia falar com ela antes disso. Naquela noite mesmo.

Quando percebi, estava jogando pedrinhas no vidro do quarto dela às 22h. Não ia tocar a campainha e falar com a Justine ou a Martha nem a pau. Então, achei que aquela era a melhor solução. Eu era um palhaço.

O grande problema era que a janela estava aberta, então, antes de acertar o vidro lateral e fazer algum barulho, eu joguei umas rochas dentro do quarto dela. Bree só apareceu na quinta pedrinha. Eu estava quase desistindo. Mas ela surgiu de camisola na janela. A visão dela se debruçando para fora com os cabelos rolando para frente só não foi mais bonita porque as madeixas cobriram os seus ombros.

_ Taylor? O que você tá fazendo? - ela sussurrou como se quisesse gritar.

Olhei para a porta da frente da casa, mas tudo parecia calmo. Minha boca se transformou num sorriso antes que eu percebesse. Bree ficava linda brava. Não me importei que, pela cara dela, parecia que eu ia levar uma patada. Já tinha começado, e agora ia até o fim.

_ Preciso falar com você.

_ Comigo?

_ É... Pode descer?

Ela tirou a franja dos olhos com a mão e colocou o cabelo atrás da orelha. Parecia ter sido completamente pega de surpresa. Sacudiu a cabeça em negação antes de voltar a falar.

Castelos de AreiaWhere stories live. Discover now