13. Do Avesso (+18)

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"If everything could ever feel this real forever
If anything could ever be this good again"

Everlong - Foo Fighters

9 de junho de 2000.

Duck, Carolina do Norte.

Taylor.

Era um cabo de guerra. Era bom, admito. Mas era um cabo de guerra.

Se eu puxasse com algum ímpeto, Bree vinha. Então, como se acordasse de repente do lado de lá, ela fazia força contrária e eu, meio distraído, perdia um pouco de território.

E não saíamos do lugar.

Aquele tipo de joguinho nem fazia meu gênero. Se a garota não queria, adeus. Não ficava perdendo tempo com esse tipo de coisa. Eu não precisava perder tempo com isso. Mas com Bree era impossível. Quanto mais difícil era, mais eu queria. Quanto mais a gente ficava perto, mais perto eu queria estar. Era assustador.

O problema era que as atitudes de Sabrina continuavam a ser um grande mistério pra mim. Por exemplo, ela queria saber a todo custo porque eu não tinha falado com ela durante o ano. Parecia incomodada com isso, assim, de verdade. Eram nesses momentos que eu achava que ela estava na minha. Mas aí eu tentava alguma aproximação quando tinha alguém conhecido por perto, e ela quase saía correndo. Não queria de jeito nenhum.

O pior era que eu queria ficar irritado com isso. Porque era irritante. Mas não conseguia. Mal chegava a me incomodar.

Nesse dia, ela estava andando na minha frente, enquanto voltávamos da praia. O vestidinho azul listrado estava molhado onde encostava no biquíni que ela usava por baixo. Bree botava um pé na frente do outro, como se andasse em uma corda bamba; às vezes, esticando o braço com a bolsa de palha pendurada de um lado, às vezes, segurando o chapéu na cabeça. Até olhar para trás e sorrir.

Você não age como se nada tivesse acontecido quando a menina com quem você fica todos os dias está andando de biquíni no seu nariz e sorri daquele jeito. Dei dois passos longos à frente, enrolei meu braço na sua cintura e a puxei para mim, levantando-a um pouco. Bree deu um gritinho e bateu as pernas no ar.  Assim que botou os pés no chão, se virou para mim com aquela cara de brava, mas se divertindo.

Faísca.

Eu e ela, pelo resto dos dias, seríamos fogo e pólvora, querosene, gasolina, dinamite. Acho que aquela foi a primeira vez que tive a noção exata disso. Eu a vi piscar os olhos verde-escuros e separar os lábios como em câmera lenta. Não era um gesto intencionalmente sexy. Mas me acendeu por dentro. Em momentos como esse, eu ficava tão fora do meu normal que poderia ter aceitado ir para a faculdade se esse fosse algum tipo de condição para ficar com ela. Mas a Bree nunca pediria que outra pessoa mudasse suas convicções para seguir o que ela queria. Ela nunca ia me dizer uma coisa dessas.

Me curvei levemente e estiquei o braço para pegar sua mão, mas ela a escondeu atrás do corpo.

_ Já te falei que não. - Bree olhou em volta, com evidente pânico no olhar.

O que eu precisava fazer pra essa garota dar o braço a torcer?

Estávamos quase chegando às nossas casas. Eu não ia fazer o que ela temia, embora devesse agarrá-la bem ali na frente e ainda chamar a Martha para ver. Por outro lado, eu tinha que beijá-la. _ Eu quero te beijar. - falei em um tom lamentoso.

Os instantes em que ela parecia baixar os escudos eram os mais bonitos. Era uma pena que durassem três segundos.

_ Eu também quero. Mas eu preciso me trocar para trabalhar.

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