14. Provas (+18)

134 19 174
                                    

"And soon I know you'll see
You were meant for me
And I was meant for you"

You Were Meant For Me  - Jewel

3 de julho de 2000.

Duck, Carolina do Norte.

Bree.

Três.

Com aquele, eram agora três os pedidos de namoro que Taylor tinha feito. E que eu não tinha aceitado.

O que eu sentia por ele, principalmente, quando estávamos juntos, era imenso e, em boa parte, inexplicável para a minha cabecinha. A verdade é que eu já tinha chegado à conclusão de que estava apaixonada, mas por alguma razão não conseguia dizer sim. O paradoxo: eu racionalmente achava que devíamos ficar juntos e também racionalmente tinha todas as dúvidas do mundo.

De qualquer forma, é justo dizer que, naquele momento específico, eu não teria aceitado nem que estivesse muito certa do que queria. Pensando em retrospecto, não acho nem que as palavras dele possam configurar um pedido oficial propriamente. Taylor estava ali na minha frente, dizendo que queria que eu fosse sua namorada. Porém, bêbado e com a mão pingando sangue.

Algumas coisas jogavam contra ele, e essa era uma delas. Taylor era impulsivo. Tinha um ciúme de mim que eu achava esquisito. Era um pouco possessivo e expressava pensamentos que eu considerava dolorosamente provincianos.

Todos os nossos melhores momentos juntos, aqueles em que eu me divertia, admirava como ele era inteligente mesmo que não percebesse e me sentia completa, pareciam sumir em circunstâncias como aquela. Estávamos no quintal da casa de Nate, no que deveria ser uma festa divertida, ele estava se declarando pra mim, mas eu estava possessa.

As coisas já não tinham começado bem porque íamos ambos ao evento apenas como amigos, condição que tinha sido imposta por mim e o desagradou bastante. Passávamos muito tempo juntos, apenas nós dois. Ir a uma festa e dar alguns beijos escondido não me incomodava, era o que sempre acontecia, inclusive. Mas Taylor odiou a ideia. Dizia que os caras ficavam olhando pra mim, e ele não podia fazer nada. Ele estava positivamente fora de si. Ninguém olhava pra mim, eu não sabia de onde ele tirava essas coisas.

O caso foi que cheguei lá um pouco depois do combinado, e Taylor já estava bêbado. Não era frequente que ficasse de porre, mas ele tinha desenvolvido esse apreço pelo álcool. Eu mesma comecei a tomar algumas cervejas para acompanhá-lo (tentando esconder bem escondidinho dentro do meu cérebro o medo de que minha mãe descobrisse). Nesse dia mesmo, tomei alguma coisa. Mas Taylor exagerou e deixou aflorar um lado que eu não curtia nem um pouco.

Taylor era um garoto popular. Ele conversava com todos, dançava, circulava. Na casa de Nate, porém, desde o momento em cheguei, ele se encostou em uma parede e ali ficou, olhando feio para tudo e todos. Inclusive para mim, quando fui falar com ele. Não gostava de vê-lo daquele jeito. Taylor costumava ser muito doce comigo. Me aproximei e toquei seu braço.

_ Ei, tá tudo bem?

_ Ficaria melhor se eu pudesse te beijar. - ele disse, bebendo o restante do que havia na garrafa que tinha na mão.

Não tive nem tempo de responder à provocação. Nessa hora, um garoto desconhecido com quem, por acaso, eu tinha trocado meia dúzia de palavras, segundos antes na cozinha chegou. Pior, ele chegou, colocando o braço em torno dos meus ombros.

Não pode ser.

_ Você não me disse que tinha namorado, gata.

Não pode ser mesmo.

Castelos de AreiaWhere stories live. Discover now