12. Roda-Gigante

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"Yeah maybe, we could find a place to stretch our wings
Rest upon cliffs overlooking scenes
Scenes we don't write and we don't fall between
Ah, we're just falling again"

Still Out There Running - Nathaniel Rateliff & The Night Sweats

1 de junho de 2000.

Duck, Carolina do Norte.

Bree.

Eu já estava acostumada à sensação de ver Taylor de novo depois de meses longe. O aperto formigante no estômago, a queimação instantânea e incontrolável das bochechas, a vontade de sorrir, embora o cérebro tentasse de toda forma manter o rosto sério. Era sempre a mesma coisa. E eu sempre me assustava com a intensidade com que a presença dele me atingia. Sempre.

Mas talvez aquele dia especialmente abafado de verão tenha sido a mais espetacular amostra de como eu não sabia lidar com sua beleza.

E tudo porque ele tinha cortado o cabelo. Taylor já era lindo. Não entrava na minha cabeça que pudesse ficar ainda mais bonito. Mas ali estava.

Eu sinceramente gostava das madeixas compridas, mas tive que segurar um arquejo alto quando o vi se aproximar puxando Mac por uma das mãos. Dentro da minha cabeça, a impressão que tinha era de que eu era uma pessoa centrada, cheia de autocontrole. Na prática, foi como se meu coração tivesse se colocado em um carrinho de montanha-russa dentro do meu estômago.

_ Mocinha!

A voz da senhora me tirou do devaneio. O sorvete de baunilha estava prestes a escorrer pela minha mão. Tinha esquecido de entregar o pedido.

_ Desculpe. - me apressei a sorrir.

Porém, quando fui passar a casquinha às mãos da cliente, bati o cotovelo de leve no balcão, e o doce rodopiou no ar e se espatifou ao lado dos pés gordos nas sandálias cor de creme da senhorinha. Ela deu um pulinho para o lado e bufou para mim.

_ Você é nova, né? - disse com alguma condescendência.

Senti meu rosto ser tomado por fogo. Eu tinha que ser atabalhoada bem no momento em que o amor da minha (curta) vida estava chegando.

Ele não é nada disso. Para.

Me virei de costas, esfreguei rapidamente a face com as mãos e respirei fundo algumas vezes. Quando minhas entranhas finalmente deram sinal de que se acalmariam, ouvi sua voz.

- Ei!

E eu nem tinha conseguido montar a casquinha de novo. Que lástima, meu senhor.

Virei só o pescoço para trás, com minha melhor cara de atendente do McDonald's.

_ Um minutinho só, já te atendo.

Minha mão tremia um pouco, e foi muito complicado encher o cone de sorvete e finalmente entregá-lo à insatisfeita consumidora. Estava nervosa e queria esconder isso do Taylor, mas estava ouvindo ele rir enquanto Mac gritava meu nome e falava que queria sabor morango, a tarefa me parecia impossível. A única coisa que pensava era que, se não tivesse aceitado aquele trabalho idiota, não estaria fazendo papel de besta.

Tinha passado os meses anteriores afirmando para mim mesma que nada daquilo ia dar certo, que Taylor era um caso perdido e que definitivamente nunca ficaríamos juntos. Tanto esforço mental.  Apenas para ver tudo escorrer por um ralo imaginário bem na minha frente. Minha sanidade foi engolida pelo sorrisinho que ele tinha na cara.

Castelos de AreiaWhere stories live. Discover now