A militante

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- Foi a Ursal conspirando - meu pai gritou.

Eu estava boquiaberta, alguém esfaqueou o Bozoasno antes de mim. Me levantei com raiva e mamãe veio me consolar.

- Querida, não fique triste, seu sogro vai ficar bem até o casamento.

- Espero que não - sussurrei subindo as escadas.

Abri a porta ouvindo o hino da União Soviética me receber. Era um esquema que eu fiz, toda vez que eu entrava no quarto ele tocava.

Sentei na cama tirando meu vans surrados e me deitei fechando os olhos.

Acordei pela manhã com o meu melhor amigo calvo pulando em cima de mim.

- Acorda sua comunistazinha de merda.

- Sai seu esquerdopata - empurrei Yuri Gomes, filho de Ciro Gomes, pro chão. - Meu pai te viu entrar?

- Ele até apontou o fuzil pra mim.

Me levantei indo até o banheiro fazendo a minha hIgiENe MatInaL e prendi meu cabelo em um coque frouxo.

- Quer ir tomar café no starbucks? Eu pago.

- Quero.

Quando chegamos no starbucks eu não pude acreditar em quem me esbarrei.

Cabo Daciolo. O próprio.

Ele me segurou pela cintura me evitando de cair. Seus braços fortes me mantiveram no lugar enquanto meus olhos estavam arregalados e minha perna bamba. Eu sempre tive um crush nele.

- A paz do Senhor. Vigie por onde anda, varoa valorosa.

Ao dizer isso ele se retirou e Yuri me levou até uma mesa.

- Não acredito que você teve a sorte de esbarrar no Daciolo. Quero ser padrinho do casamento.

- Meu com o Renan Bolsonaro? - tampei a boca rapidamente após dizer isso. Yuri ainda não sabia.

- O que? - gritou cuspindo litros de saliva na minha cara. - Você ta noiva do filho do capeta? Meu pai ta convidado pro casamento? Diga que tá, eu quero ver briga.

- Acho que até a fada Dilma tá, qualquer coisa pra adiar o máximo essa porcaria.

- Quando vai ser o noivado?

- Nem sei. Um enviado de Deus esfaqueou o Bozo e adiantou isso.

- Vamos dar um culto em ação de graças na igreja do Daciolo?