A militante

36

Acordei pela madrugada e olhei para o lado. Renan dormia sentado com as costas apoiada na cama.

O cutuquei e o mesmo deu um pulo assustado. Comecei a rir. Ele se levantou passando as mãos no rosto e me olhou estressado.

- Eu só fiz isso pra te privar da dor nas costas - ergui as mãos.

Cheguei para o lado e bati do meu lado na cama. Era uma cama de casal, então tinha espaço para nós dois.

Ele se deitou e fechou os olhos. Sorri me erguendo no cotovelo e o observando.

- Você sabe que precisamos conversar sobre isso, certo?!

- Talvez pela manhã. Você acabou de perder seus pais, não precisa se preocupar com isso agora.

- Por que tocou no assunto? Eu estava bem - suspirei olhando pra sua colcha e contornando os desenhos com o dedo.

- Ta bom, desculpa - ele me puxou, mantendo o braço a minha volta enquanto eu deitei minha cabeça no seu peito.

***

- Bom dia - murmurei entrando na sala de jantar. Todos já se encontravam na mesa e me olharam.

Me sentei entre Renan e Laurinha que apanhou do pai pra não ser sapata.

Havia um prato com panqueca na minha frente e eu o ataquei. Não tinha comido nada desde que me encontrei com Yuri.

- Precisamos conversar sobre o noivado.

- Pai, agora não - Renan o repreendeu.

- Se não agora, quando?

- Ela não quer tocar nesse assunto agora, ela acabou de perder os pais.

- Eu entendo que ela esteja sofrendo, mas ela não pode se apegar a isso.

Me levantei atraindo a atenção de todos para mim.

- Da pra você respeitar alguém pelo menos uma vez na sua vida? Eu exijo respeito de todos nessa mesa, não só no momento de minha perda, mas em qualquer momento, já que estou sendo obrigada a fazer parte dessa família.

Fugi dali indo para o lado de fora da casa.