Capítulo XVII - A revelação dos sonhos

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Passaram-se alguns minutos silenciosos na conversa dos três jovens. Apenas as batidas e as notas da guitarra eram ouvidas. Matheus pensava antes de falar qualquer coisa, não queria perder tempo com perguntas vagas. Daniel estava encantado com Amanda que por sua vez, balançava a cabeça sincronizadamente com o som da banda no palco que tocava um rock anos 70, para a alegria do público que em sua maioria eram admiradores do bom e velho rock n'roll.

"Mais alguma coisa?" Perguntou o garçom ao deixar uma jarra com vinho e duas novas taças sobre a mesa de Amanda.

"Não, obrigado Richard. Qualquer coisa, nós chamamos". Respondeu Amanda com um sorriso amigável.

"Divirta-se Amanda". O Garçom se despediu de todos com um gesto de cabeça.

"Você conhece todo mundo aqui, deve ser seu lugar favorito". Falou Daniel que pegava a jarra e enchia as taças.

"É... Quase isso..." Amanda respondeu vagamente, mas ainda com um sorriso no rosto.

"Você sabe quem eu sou?". Perguntou Matheus bruscamente para Amanda interrompendo a conversa deixando Daniel com uma expressão levemente aborrecida.

"Meus sonhos não são claros como os filmes, na maioria das vezes são simbólicos, repletos de efeitos surrealistas". Ela respondeu e em seguida bebeu o vinho da taça.

"Conte-nos o sonho que precedeu nosso encontro naquele bar". Disse Daniel que começava a beber do vinho verdadeiramente agora.

Matheus permanecia sério olhando para Amanda, estava aflito. Por dentro queria gritar as perguntas que impacientemente brotavam em sua alma, contudo, a beleza de da jovem era mais forte que tudo aquilo. Tentava se comportar de maneira a não atrair sua aversão, decidiu então beber também. O vinho gelado lhe proporcionou um prazer e certa calma. O conflito do doce com amargo foi suficientemente relaxante para que ele escutasse Amanda sem intervir.

"No meu sonho eu caminhava em um bairro tenebroso onde me depararei diante de uma casa com a cara de monstro. Luzes e música me hipnotizavam até que quando eu percebi estava dentro dela. Foi então que eu vi um demônio que matava todos que se encostavam a ele. Havia muitas coisas naquele cenário. Vou falar todas, assim vocês podem tirar suas conclusões ou mesmo me ajudar a entender algumas delas".

"Intrigante, prossiga quero entender também". Disse Daniel.

Por outro lado, Matheus limitou-se a fazer um gesto com a cabeça, Sentiu um pouco de calor e retirou a jaqueta branca e preta, presente de Daniel, colocou sobre as costas da cadeira em que se sentava, ficando apenas com a blusa preta de mangas compridas até os dedos que tampava suas misteriosas cicatrizes nos pulsos.

No segundo andar metade de um corpo saía da parede escura, observava tudo como se fosse o dono do lugar. A confusão me empurrou na direção do demônio que estava matando as pessoas. Eu gritei por ajuda, afinal, ele me mataria também se eu encostasse-se a ele. Foi aí que notei que parecia que ele escondia algo, protegia algo e por isso partia no meio qualquer um que aparecesse diante dele como um cão de guarda. Foi aí que atendendo os meus pedidos de ajuda, um anjo desceu do nada envolvido em luz e me agarrou pela mão. As pessoas fugiam da luz exceto o demônio que parecia rosnar. Quando a multidão desapareceu, eu vi entre o anjo que me carregava e o demônio que escondia algo. Uma pessoa completamente acorrentada, cujos cabelos longos e brancos escondiam a face. Quando ele olhou para mim eu senti como se visse os olhos da própria morte e acordei desesperada...

"Isso não diz praticamente nada. Nosso encontro pode ter sido apenas coincidência então". Disse Matheus em um tom frustrado levando a mão sobre a face.

Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now