Capítulo XXII - Os sobreviventes da dor

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"Onde está Dalila?"

Os gritos de Talita eram furiosos. Odiava que sua irmã saísse sem avisar seu destino, colocava as duas em risco quando o fazia.

"Ela não está aqui?" Perguntou pacientemente Amadeu, enquanto jogava xadrez sozinho sentado em uma requintada mesa de madeira tão antiga quanto o casarão, e como tudo ali, cheirava a mofo.

"Não! E nenhum dos seus guarda costas sabem o seu paradeiro!" Ela continuava gritando.

"Acalme-se Talita. Vamos juntar alguns homens e procurá-la. Não consegue senti-la?" Falava Amadeu mantendo sua serenidade.

"Não!"

"Então, por isso mesmo deve se acalmar. Concentre-se e tente encontrar sua irmã". Dizia o velho com sua sabedoria adquirida pelo tempo.

"Vou tentar..." Talita se sentou à mesa e com as mãos na cabeça tentava se concentrar para que o laço que unia as gêmeas pudesse se manifestar e através dele, ela pudesse localizar sua irmã.

Ao mesmo tempo em que Talita deu por falta de sua irmã, uma criatura demoníaca saltava pelos grandiosos prédios da cidade até a área marginalizada, com suas ruas decadentes e sujas. Mendigos se aqueciam com o fogo nos latões de lixo.

"Você viu isso?" Um sem teto perguntou para seu companheiro que acariciava um cachorro imundo.

"O que maluco?"

"Eu vi um vulto, parecia um leão de juba vermelha. Ele passou sobre os prédios do outro lado da rua!" Exclamou o mendigo apontando com a mão trêmula na direção de sua visão, enquanto segurava uma garrafa de vodka.

"Me dá isso! É para ficar quente e não doidão seu bêbado!" Gritou o companheiro que arrancou da mão do seu amigo assustado aquela garrafa de vodka barata.

Contudo, aquele mendigo não estava alucinando. A criatura era Killer que retornava ao seu refúgio.

"Desgraçados!" Ele gritou com voz ainda distorcida enquanto retomava a forma humana na escuridão do apartamento.

"Você está bem Eric?" Perguntou a criança que acendia a luz do apartamento.

"Não!"

"O que aconteceu? Está ferido? Quer ajuda?" Perguntou a menina que andava de pés descalços, vestindo roupas largas de dormir. Seus cabelos negros e bagunçados confundiam-se com a mecha vermelha que caia sobre os olhos tristes ou simplesmente sonolentos.

"Estou bem, perdi meu tempo. A Esmeralda de Rafael esta escondida. Tentaram me enganar com uma falsa..." Falava Killer enquanto trocava de roupa, retirando os farrapos que encobriam seu corpo escultural. Os ferimentos que recebeu enquanto estava transformado na fera já não estavam mais na pele.

"Você os subestimou..." Disse a menina enquanto levava uma camiseta preta e uma jaqueta de couro para Killer.

"É... Mas não foi uma perda de tempo total. Encontrei Simon o caçador...". Killer disse com um sorriso cínico na face ao vestir a camiseta.

"Simon? E o que aconteceu?" Perguntou a menina com expressão assustada que quebrou sua apatia.

"Vamos dizer Hellen... Que ele nunca mais vai nos incomodar..." Respondeu killer com sua expressão assassina.

"Você o matou?" Os olhos da menina se arregalaram. Não deveria, mas estava surpresa com a frieza de Killer diante da situação.

"Sim..."

Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now