Capítulo XXX - Caso concluído

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Havia se passado algumas semanas, e a cidade de Valis voltava a sua rotina normal. Os misteriosos incidentes que ocorreram haviam sido notícias fortes, mas rapidamente esquecidas em meio a tantas outras notícias de caráter mundial. Valis estava bem e mais viva do que o de costume. O sol lhe tocava com mais frequência e as noites frias estavam mais frescas.

O detetive Thomas percebia isso. Sabia que aquilo tinha relação com os conflitos no centro da cidade e na ponte. Passou as duas ultimas semanas investigando tudo, assumiu o caso com um interesse espantoso para seus colegas do departamento de polícia, mas para não deixar brechas impreenchíveis no seu relatório, teve que inventar algumas "coisas" para explicar tudo, Não havia demônios ou guerreiros com espadas de prata, Tudo o que aconteceu foi simplesmente que alguns criminosos se juntaram para roubar um artefato antigo de muito valor, mas quem havia organizado tudo aquilo e ia revender a peça, não foi encontrado. Artefato caro esse que valia explosões e tanta iniciativa dos bandidos, pensava consigo mesmo, mas a historia "colou" para seus superiores até então. O chefe de policia havia chamado o detetive Thomas que temia por estar se contradizendo no relatório e alguém notasse isso. Enquanto se dirigia para a delegacia pensava em alguma coisa para ajeitar as coisas, contudo ele não imaginava que o assunto se tratava de outra coisa, ou melhor, de outra pessoa.

"Então é isso?" Perguntou o gordo chefe de polícia, que mal cabia em na cadeira de seu escritório enquanto saboreava uma caixa de rosquinha e uma xícara de café.

"Sim oficial Giovanni. Simon arriscou muito em parar nessa cidade antes de levar o valioso artefato de volta. Eu creio que esses mercenários descobriram de algum modo, talvez um traidor em nossa firma, mas a policia daqui fez um bom trabalho". Disse o homem com barba e cabelos volumosos, sorriso franco e vestido com um terno branco e gravata bege que brilhava como ouro.

"Muito bem senhor Aristides, então encerramos o caso. Mas na próxima vez em que entrarem nessa cidade com objetos valiosos como essa antiguidade que me falou, avise a polícia. Teremos prazer em fornecê-los proteção para evitar que esse tipo de incidente aconteça... Não dizendo que seja frequente é claro, Valis é bem calma". Falava Giovanni limpando sua mão açucarada na própria calça antes de apertar a mão de Aristides na despedida.

"Claro, muito obrigado, seremos mais precavidos". Respondia Aristides ao balançar a mão do chefe de polícia.

"Senhor, queria me ver?" Perguntou o detetive Thomas ao entrar grosseiramente na sala sem bater na porta.

"Oh, Thomas! Queria que conhecesse esse homem. Seu nome é Aristides, ele veio esclarecer sobre o que transportavam no caminhão que desencadeou todos aqueles incidentes". Comentava Giovanni, enquanto apresentava os dois.

"Prazer detetive Thomas, fez um bom trabalho. É o senhor que assumiu o caso e fez aqueles relatórios precisos, Agora com o meu testemunho o caso foi encerrado. Só resta prender o misterioso homem que estava por trás de tudo aqui. Isso é, se realmente existe, afinal pode ser uma invenção dos bandidos..." Disse Aristides apertando a mão do desconfiado detetive Thomas.

"Uma questão de tempo...". A resposta fria de Thomas gerou um silencio constrangedor na sala até que Giovanni reagiu.

"E pouco tempo Há... há... há... Bem, então faça uma boa viagem Aristides". Disse o delegado gargalhando.

"Muito obrigado, fiquem com Deus". Respondeu Aristides que apesar da barba era o mais jovem presente naquela sala, mas se comportava como um homem educadamente experiente.

Ao sair da sala do chefe de polícia, Aristides caminhava tranquilamente até o elevador. Sua expressão era levemente aborrecida na hora em que entrou no elevador, mas foi surpreendido com o detetive Thomas segurando a porta que se fechava.

"Posso acompanhá-lo?" Disse ele com uma expressão debochada de quem tem algo para dizer.

"Sim, vamos. O que descobriu que lhe incomoda, senhor Thomas?" Perguntou Aristides seriamente enquanto se afastava e dava espaço para Thomas entrar no elevador.

"Você é bem direto. Gosto disso rapaz". Disse o detetive Thomas ao entrar.

"E então? Em que posso ajudá-lo".

"Já que ajudei a sua "Turma" a encobertar tudo aquilo, você poderia ser generoso e me explicar algumas coisinhas".

"Detetive... Seja mais claro e objetivo. Nossa conversa está aberta desde que deixei que fizesse perguntas não oficiais uma vez que o caso esteja encerrado".

"Muito bem, quem são vocês? Quem era aquele bicho que eu vi e não me venha com papo de "alucinação coletiva", pois fui eu que inventei essa no relatório..." Afirmava Thomas apontando o dedo para si mesmo e falando em alto tom.

"Pois bem. Somos da ordem da espada de Miguel e lutamos contra esse tipo de manifestação, Somos uma espécie de força militar da igreja senhor". Dizia seriamente Aristides para a surpresa de Thomas.

"Força militar? Não parece ser um guerreiro como os outros, é do setor de relações publicas do seu clube?" Perguntou Thomas com ironia.

"Não faço parte dos "guerreiros".Vim pessoalmente por que meu irmão morreu nessa historia e uma vez que se apodera da verdade seria educado de sua parte levar isso um pouco mais a sério". Respondeu Aristides quando a porta se abriu.

"Está certo, me desculpe. Então você é irmão do Simon?" Perguntou Thomas, reconhecendo o mau comportamento com Aristides, que estava sendo tão cooperativo com suas perguntas. "Eu vi tudo, até procurei por ele nos hospitais, mas seus amigos o levaram".

"Sim e sim, era meu irmão. Na verdade, não de sangue. O pai dele me criou como se fosse da família, tivemos uma infância junta. Ele era meu irmão mais velho, que cuidou de mim e a quem eu devo muito". Respondeu Aristides com uma expressão de força diante de toda aquela historia.

"Eu imaginei que ele teria morrido, mas e agora? O que vai acontecer?". Thomas estava confuso. Participou de tudo aquilo, mas desconhecia os "por quês", até mesmo os de seus atos.

"Retornamos nossas vidas detetive. Você volta para os seus casos e eu para os meus. Sua cidade está livre de seu demônio interior. Simon estará feliz por seu sacrifício ter resultado nisso".

"Eu já havia visto muitas coisas estranhas, mas um demônio vindo do inferno superou tudo. Não me peça para retornar a minha vida normal, já não tenho uma vida normal há muito tempo rapaz!"

"Claro, fique com isso". Disse Aristides entregando um cartão com alguns telefones. "Se precisar de nós, não seja relutante. Estamos do mesmo lado detetive". Completou ao caminhar na direção da porta da delegacia.

"Ok... Ok... E quanto a isso?" Perguntou Thomas ao segurar um cristal branco que outrora fora a cobiçada Esmeralda de Rafael.

"Minha nossa! Então ela não se perdeu?" Perguntava Aristides dando meia volta até Thomas.

"Não, eu a encontrei no cenário de guerra sobre a ponte... Por que não me conta como um pedaço de pedra sem valor pode ter feito tudo isso na minha cidade?" Perguntou Thomas entregando a pedra ao surpreso Aristides.

"Isso detetive, É uma longa história...".

Fim?

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⏰ Last updated: Jan 17, 2019 ⏰

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Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now