Capítulo 20. 🌲🔥🌲

1.4K 247 33
                                    

A floresta me recebeu com seu calor noturno

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

A floresta me recebeu com seu calor noturno. Enquanto corria sem ainda saber qual direção seguir, sentia meus pés no solo e os galhos baixos que batiam contra meu rosto e meus braços. O tempo estava passando rápido e eu sentia que ele estava agindo contra nós.

Primeiro tive que parar a corrida para recuperar o fôlego. Meus pulmões ardiam e as dores dos ferimentos voltaram a me atacar com violência. Olhei ao redor vendo toda a escuridão que me cercava; as árvores eram altas e frondosas, eu já as conhecia bem, davam-me a sensação de estar novamente cercada por todas aquelas criaturas obscuras e o Ser de Sombras. Exalei um suspiro de desespero e quis chorar. Meus olhos ardiam e minha garganta doía em um nó. Ouvi estalos como gravetos sendo esmagados e olhei para a direção deles, sem conseguir enxergar nada muito além. Minha respiração estava ofegante e alta, e o som de gravetos se quebrando continuou. Se fosse algum animal, imaginei que estaria a espreita ou apenas passando, mas era diferente. Havia um outro som distante e quase inaudível, porém presente, como um murmúrio.

— O tempo está contra você – disse a voz de Fridr, um sussurro macabro no ar. – Se seus amigos quer salvar, mais rápido tem que correr.

Ele apareceu entre a escuridão, os olhos brilhavam como estrelas de um céu sem nuvens, mas eu não via beleza neles. Eram assustadores. Havia também algo que os tornavam familiares para mim. Uma faísca que fez meu coração estremecer. Aqueles olhos não eram dele.

— Para onde você os levou?! – gritei. Mas ele voltou a desaparecer na escuridão, ainda estava presente ali. Eu conseguia senti-lo por perto.

Olhei novamente para as árvores e toda a escuridão da floresta, desorientada e cansada. Fridr surgiu novamente, dessa vez como uma fera terrível vindo na minha direção. Me agachei para desviar do seu ataque e ouvi seu grunhido estridente. Ele caiu distante de mim com uma flecha atravessada em uma perna. Diana estava ali e apareceu correndo, saindo de trás de algumas árvores. Encarei-a boquiaberta; ela tinha mais uma flecha já preparada e apontada para mim novamente. A sensação de estar sob sua mira novamente não era tranquilizadora. Observei suas expressões na escuridão aterradora da floresta, eu podia apenas ver seus olhos intensos e humanos, cheios de segredos pelos cantos e me encaravam de volta. Nesse mesmo instante, ela baixou o arco e a flecha, aliviando a tensão dos braços e me estendeu a mão para que eu me levantasse. Devo ter me parecido muito com um animal selvagem, que recusa a se aproximar de um caçador por medo das suas façanhas e interesses, mas confiei em seu gesto. Lembrei que instantes atrás ela mesma havia me ajudado a escapar quando não disparou sua flecha em mim.

— O que você faz aqui?! — indaguei, inevitavelmente soando arrogante.

— Eu vim para matar você — ela respondeu ríspida. Sua voz era suave, mas presente como se tivesse um corpo somente seu.

— E por que não fez isso agora? Você tinha uma flecha apontada para mim, pela segunda vez.

Ela meneou a cabeça como se tentasse afastar seus próprios pensamentos. Sua postura era rígida como um guerreiro em campo de batalha e seus ombros largos pareciam nunca se cansarem, não importando o peso sobre eles.

Além da Floresta | Versão Wattys 2020Where stories live. Discover now